Suspeito disparou mais de 10 vezes contra o prédio Paulo Andreoli/ Rondoniaovivo

Porto Velho (RO) - Um homem disparou dezenas de tiros contra a sede do jornal "Rondoniavivo" neste sábado, 12, em Porto Velho, capital do estado. Segundo o veículo de comunicação, o portal tem recebido "ameaças por noticiar, com frequência, atos antidemocráticos de um grupo de extrema-direita". De acordo com a Polícia Militar (PM), pelo menos 20 cápsulas de uma pistola calibre 9mm foram encontradas na cena do atentado. Ninguém ficou ferido.
Câmeras de segurança registraram o momento do ataque. Nas imagens, é possível ver o suspeito atravessando a rua com a arma na mão, olhando para os lados e disparando várias vezes contra o prédio do jornal. Em seguida, o atirador vai embora. A porta de vidro foi estilhaçada e as janelas do estabelecimento também ficaram destruídas. 
Paulo Andreoli, dono do jornal, afirmou que há algum tempo o site de notícias sofria ameaças de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) e chegou a ser inserido em uma lista de petistas que circula em aplicativos de mensagem no estado.
Andreoli ainda relata que as ameaças começaram quando o veículo de notícias passou a classificar quem se reúne em frente aos quartéis pedindo pedindo intervenção militar como "manifestantes antidemocráticos". Para o dono do Rondônia Ao Vivo, o ataque foi planejado.
"Já temos um sistema de segurança com câmeras (no entorno) e eles sabiam onde ficavam. Tanto que o rapaz se posicionou num ponto cego. Mas não sabiam que tínhamos câmeras em outras ruas", disse.
O chefe de redação do jornal, Ivan Frazão, relatou ter recebido ligações de um número de telefone privado, que não foram atendidas. Além disso, nos últimos dias, carros e motocicletas circularam nas imediações do prédio fazendo filmagens. "Estava desconfiado que alguma coisa ia acontecer", afirmou.
Em nota, o portal Rondoniavivo afirmou que o ataque sofrido é "o mesmo de sempre em relação aos veículos de comunicação: calar quem toma posição contra os absurdos da sociedade. Essa não é a primeira vez que o jornal, com 18 anos de história, passa por esse tipo de situação".
"O Rondoniaovivo, nos últimos dias, tem se posicionado contra um grupo da sociedade rondoniense que defende um golpe de estado no Brasil, por não aceitar o resultado da última eleição presidencial. (...) O que aconteceu neste sábado não foi uma surpresa. Camionetes rondando a sede do site, telefonemas de números privados e alertas de pessoas que conhecem quem está por trás desses protestos nos deu a noção de que algo estaria para acontecer", afirma o nota.
O veículo seguirá as atividades, mas, segundo o Andreoli, passará a adotar medidas de segurança, como evitar o uso do crachá e também retirará o adesivo de reportagem em automóveis.
A diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Rondônia (Sinjor-RO) publicou uma nota de repúdio sobre o incidente.
"A direção do Sinjor-RO informa que tentará, na segunda-feira, 14, uma reunião com autoridades ligadas à segurança pública, bem como do Ministério Público para oficializar um pedido de rigor e celeridade nas investigações. Não podemos viver sob o controle dos 'soldados da insanidade' que, em nome de uma suposta liberdade, intimida, agride e aterroriza jornalistas."
Em comunicado, a seccional de Rondônia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RO) também repudiou os ataques e pediu "respeito às opiniões diversas". "É lamentável o estresse e a pressão psicológica que ocasiona. A comunicação livre é um dos pilares para uma democracia sólida em nosso país e é necessário o respeito às opiniões diversas. "Reafirmamos nosso compromisso com a verdade e pedimos a apuração imediata para solução do caso."

O jornal O Dia entrou em contato com o Ministério Público de Rondônia e a Polícia Civil do Estado, mas não teve retorno até a publicação desta matéria.