Carla Zambelli (PL-SP) sacou uma pistola e perseguiu um homem negro pelas ruas do bairro dos Jardins, em São Paulo, na véspera do segundo turno da eleiçãoReprodução/ Twitter

São Paulo - Em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou que não houve ilegalidade em sua conduta no episódio em que sacou uma pistola e perseguiu um homem negro pelas ruas do bairro dos Jardins, em São Paulo, na véspera do segundo turno da eleição. Em nota, a assessoria da deputada diz que ela "esclareceu o contexto" que resultou na confusão e destaca que a parlamentar tem porte federal e se apresentou de forma voluntária para fazer exame de pólvora, com resultado negativo.
A oitiva foi solicitada pelo próprio Ministério Público Federal e autorizada pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Carla foi ouvida por videoconferência, anteontem. Uma das mais próximas aliadas do presidente Jair Bolsonaro e entusiasta da liberação do porte de armas para a população civil, Carla se diz vítima de violência política.
Em nota, a assessoria da deputada diz que ela "esclareceu o contexto" do episódio em que sacou sua arma e perseguiu o jornalista Luan Araújo pelas ruas e até dentro de um restaurante A parlamentar estava acompanhada de policiais militares que atuavam naquele momento como seus assessores parlamentares. Um tiro foi disparado durante a perseguição ao jornalista - em depoimento, um dos assessores confessou o disparo, mas disse ter sido acidental.
PORTE
A nota da assessoria afirma ainda que Carla Zambelli tem "porte federal", que lhe permitiria estar armada naquele momento. "A defesa da deputada esclarece que não existe nenhuma ação penal em andamento, tratando-se tão somente de um procedimento de apuração preliminar, a qual acredita conduzirá ao arquivamento do caso", diz o texto.
No despacho que determinou a oitiva da deputada, o ministro Gilmar Mendes defendeu que a investigação do caso tenha um "ritmo adequado" por causa da relevância do episódio, que envolve uma parlamentar federal.
No documento, o ministro citou possíveis crimes que, em tese, poderiam ter sido cometidos, como porte ilegal, disparo de arma de fogo e "infrações penais contra a liberdade pessoal, a honra ou a vida dos envolvidos".