As áreas urbanizadas no país equivalem a somente 0,54% do território total, mostra um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo Áreas Urbanizadas do Brasil foi divulgado nesta quarta-feira, 23, e revela dados referentes a 2019.
De acordo com a pesquisa, a distribuição geral das áreas urbanizadas mostra que ainda há uma expressiva concentração no litoral, seguindo o padrão histórico de povoamento desde o período da colonização.
Entre 2015 e 2019, houve aumento de 19% de áreas urbanizadas, o que indica expansão continuada das manchas urbanizadas. “Fora da região litorânea, a maior parte das áreas urbanizadas segue, em grande medida, um alinhamento com vias de circulação, como estradas e cursos de rios, o que é refletido na forma das manchas urbanas e evidencia as tendências do processo de interiorização da urbanização”, diz o IBGE.
Segundo a gerente de Observação da Cobertura e Uso da Terra, Manuela Alvarenga, todas as áreas urbanizadas do país caberiam no estado do Espírito Santo. Por outro lado, a soma das áreas urbanizadas do país (45.945 km²) é maior que territórios de nações inteiras, como Dinamarca e Holanda.
Nos 443 municípios costeiros do Brasil, que ocupam aproximadamente 5% da área do território nacional, há uma extensão de 9.166,79 quilômetros quadrados de áreas urbanizadas, cerca de 19% do total do país.
Por outro lado, ao longo dos municípios da faixa de fronteira, com extensão de 2.265.046,64 km², cerca de 27% do território nacional, há 3.803,47 km² de áreas urbanizadas, cerca de 8% do total. Nestas áreas é possível notar maiores concentrações nas zonas fronteiriças da Região Sul do país e do estado de Roraima.
Segundo a pesquisa, na Floresta Amazônica e no bioma Pantanal, regiões conhecidas pelo predomínio de áreas naturais, é possível observar grandes extensões de terras com ausência de áreas urbanizadas. Possivelmente, isso está associado ao difícil acesso e a restrições legais à ocupação, como as unidades de conservação e as terras indígenas, e a outras formas não urbanizadas de ocupação, como ocas, sedes de fazenda, entre outras.
Em outras regiões de pouca concentração de áreas urbanizadas, como nos estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, assim como nas áreas do Matopiba (região de grande crescimento no cultivo de grãos, cujo nome combina siglas dos estados que têm cidades no local - Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e do Triângulo Mineiro, tal distribuição se relaciona com o predomínio de áreas agrícolas caracterizadas por grandes propriedades de terra.
São Paulo é o estado com maior extensão de áreas urbanizadas, com 8.614,62 km². Ele concentra, sozinho, 18,39% do total de áreas mapeadas e loteamentos vazios, e ultrapassa em mais de 3 mil km² o estado de Minas Gerais, que ocupa a segunda posição em extensão de áreas urbanizadas do país (4.699,69 km²).
Amapá é o estado com a menor área absoluta, somando 151,22 km² de áreas urbanizadas e loteamentos, o que representa 0,33% do total nacional.
Apenas as concentrações urbanas de São Paulo, composta por 37 municípios, e Rio de Janeiro, formada por 21 municípios, possuem extensões maiores do que mil km² de áreas urbanizadas, a primeira com 2.133,81 km² e a segunda com 1.693,80 km².
“Tal fato corresponde ao padrão de concentração histórico do estado no contexto nacional, caracterizando-se pela manutenção de contínuo crescimento do tecido urbano reforçado por sua centralidade e pujança econômica”, afirma o IBGE.
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