Equipes do Ministério da Saúde iniciam o tratamento de crianças Yanomami encontradas com sinais de grave desnutriçãoCondisi-YY/Divulgação

Boa Vista - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarca na manhã deste sábado, 21,  em Boa Vista, Roraima, para oferecer suporte aos indígenas Yanomami vítimas de desnutrição. Para combater o grave problema, o governo declarou emergência de saúde pública e decretou a criação de um comitê para enfrentar também os casos de malária na região. Outras ações emergenciais devem ser confirmadas durante a viagem.
Em 2021, 56,5% das crianças acompanhadas pelo governo no território Yanomami apresentaram quadro de desnutrição aguda – quando o peso é considerado baixo ou baixíssimo para a idade, apontam dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Lula decidiu acompanhar de perto o trabalho conjunto dos ministérios dos Povos Indígenas e da Saúde na Terra Indígena Yanomami após a ministra Nísia Trindade Lima ter assinado, na sexta, 20, o decreto que declara emergência de saúde pública na região assombrada pela garimpo ilegal.

Desde segunda, 16, técnicos da pasta resgataram pelo menos oito crianças Yanomami em estado grave de desnutrição. Ao reiterar como "compromisso número 1" o combate à fome, ao longo de seu discurso de posse, Lula decretou a criação Comitê de Coordenação Nacional, com a intenção de discutir e adotar medidas em articulação entre os poderes para prestar atendimento a essa população.
Lula deve desembarcar em Boa Vista com uma 'força-tarefa' de oito ministros: Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Nísia Trindade (Saúde), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Silvio Almeida (Direitos Humanos), Flávio Dino (Justiça), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), José Múcio (Defesa), General Gonçalves Dias (Gabinete de Segurança Institucional), além do comandante da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno. O governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), e o secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, devem acompanhar a comitiva.
Segundo o presidente, o plano de ação inicial deve ser apresentado no prazo de 45 dias, enquanto o comitê trabalhará por cerca de 90 dias. Lideranças que participaram dos grupos técnicos do gabinete de transição já desejavam a visita do presidente a Roraima. 

Na avaliação deles, a situação sanitária no território caminha para uma "crise humanitária" – devido ao aumento de casos de desnutrição em crianças e ao avanço do garimpo ilegal na região.

"Recebemos informações sobre a absurda situação de desnutrição de crianças Yanomami em Roraima. [...] Viajarei ao estado para oferecer o suporte do governo federal e, junto com nossos ministros, atuaremos pela garantia da vida de crianças Yanomami", escreveu Lula, na sexta-feira (20).