"Cúmplice da tragédia", diz associação Yanomami sobre governador de RRCondisi-YY/Divulgação
A divulgação da nota ocorreu após uma entrevista de do governador ao jornal Folha de S.Paulo. Aos jornalistas, ele afirma que a crise humanitária dos yanomamis é um problema de anos, além de dizer que não acredita ser possível vincular o garimpo à situaçãoatual dos indígenas e defender que esses devam se adaptar aos centros urbanos e "deixar o mato".
“Tenho 260 escolas em comunidades. Eles querem ser advogados, professores, médicos. Eu acho correto. Eles [indígenas] têm que se aculturar, não podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho. Eles têm que estar lá com condição, com estrada, escola, posto de saúde, fazendo agricultura deles, produzindo macaxeira, farinha”, disse Denarium.
A Hutukara Associação classificaram as falas do governador como preconceituosas e discriminatórias para com os indígenas. Para o grupo, Denarium é “cúmplice” da situação por permitir garimpos ilegais na região.
“É preciso repudiar com veemência a visão colonizadora sobre os povos indígenas do país que os reduz a animais, incapazes, ou qualquer subcategoria de sujeitos excluídos de direitos que devam se submeter aos modos de vida da cidade.”
“A Cufa [Central Única das Favelas] está entregando cestas de alimentos aqui. Você vê nas filas, nos vídeos que eles publicam, não tem nenhum desnutrido. Todo mundo bem arrumadinho, tudo certinho. O problema é localizado, não é generalizado”, disse.
Veja íntegra da nota Hutukara Associação Yanomami:
“Falas desse tom denunciam o grau de discriminação e preconceitos a que o povo yanomami estão inumanos. Nossos modos de vida nos são negados como se fôssemos primitivos, incapazes, inumanos. Longe de limitar-se a discurso político, esse pensamento se refletiu em politicas de tendência genocida que foram implementadas sistematicamente nos últimos anos para inviabilizar a manutenção da vida dos Yanomami. Facilitar a entrada de milhares de garimpeiros em nossas Terras Indígenas e desorganizar assistência à saúde básica são a consequência direta desta noção preconceituosa que o governador Denarium compartilha. Este tem sido cúmplice da tragédia, inclusive ao sancionar leis que inconstitucionais, tinham intenção de promover a atividade garimpeira e fragilizar a fiscalização da atividade em Terras Indígenas em Roraima.
“É preciso repudiar com veemência a visão colonizadora sobre os povos indígenas do país que os reduz a animais, incapazes, ou qualquer subcategoria de sujeitos excluídos de direitos que devam se submeter aos modos de vida da cidade. Politicas assimilacionistas sobre os povos indígenas não são compatíveis com um Estado Democrático de Direito. Somos sujeitos plenos de direitos, e queremos viver bem com a floresta, como viviam nossos antigos como garante o Artigo 231 da Constituição Federal.
“O povo Yanomami é um dos mais populosos povos indígenas de recente contato no mundo, e detentores de grande conhecimento ancestral sobre a floresta onde vivem. É nosso direito viver na floresta viva segundo nossos costumes, com saúde e vida.”
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