13ª edição da Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE) acontece no Rio de JaneiroTomaz Silva/Agência Brasil

A  disputa política que visa barrar a extrema-direita no país passa pela comunicação e redes sociais. Essa foi a conclusão de especialistas, durante a 13ª Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE), neste sábado, 4, no Rio de Janeiro. O encontro foi realizado no prédio da Fundição Progresso, nos Arcos da Lapa.

“A disputa que está em curso é a de narrativas. Infelizmente, a nossa democracia corre riscos, sim. E a gente precisa, para enfrentar esse debate, entender isso", argumentou o deputado federal André Janones (Avante-MG).

Janones afirmou que "nada é mais essencial do que a comunicação, que é um tema transversal, o qual trabalha e toca nas emoções das pessoas". "Os nossos estudantes estão antenados para isso. É a juventude, também através das redes sociais, que vai fortalecer a comunicação para a gente vencer essa batalha”, acrescentou o parlamentar.

Visão semelhante tem a jornalista e pesquisadora em comunicação Renata Mielli, ex-coordenadora-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). 

“No dia 30 de outubro, a gente derrotou o Bolsonaro, mas nós não derrotamos a extrema-direita no Brasil. E qualquer discussão que a gente tenha que fazer hoje sobre comunicação, economia ou infraestrutura, tem que partir desta realidade. É neste conceito que a gente tem que entender o debate da comunicação hoje. Porque nós não derrotamos uma extrema-direita que tomou conta dos corações e mentes de uma grande parcela da população do nosso país”, disse Renata.

A pesquisadora aposta na necessidade de investimento no sistema público de comunicação: “Garantir a complementariedade do sistema público, privado e estatal, previsto na Constituição. Fortalecer a Empresa Brasil de Comunicação. Precisamos fortalecer a comunicação pública em nosso país. Fortalecer as rádios comunitárias, a mídia alternativa. A comunicação é um direito”, frisou.

Infraestrutura
Para o historiador e youtuber Jones Manoel, que também participou do debate, é preciso pensar e investir em um sistema de informática e comunicação nacional.

“Um programa de comunicação em que a infraestrutura técnica, o processamento e a posse dos dados fiquem no Brasil, a partir de um controle democrático com protagonismo de empresas públicas", defendeu.

Ele acrescentou que o acesso à internet gera informações que são processadas por empresas estrangeiras. "Toda vez que a gente acessa a internet, está produzindo bilhões de dados, sobre gostos, tendências comerciais e políticas. Isso não pode ser processado por empresas estrangeiras, à serviço de outros governos”, avaliou Jones.