Fiocruz e UFRJ lançam sistema para identificar início de novos surtos Tomaz Silva/Agencia Brasil
Batizado de Sistema de Alerta Precoce para Surtos com Potencial Epi-Pandêmico (Aesop), seu lançamento ocorreu durante a 6ª Conferência Global de Ciência, Tecnologia e Inovação (G-Stic).
"Na vigilância em saúde, devemos agir rapidamente porque, se você perder tempo, você perde a oportunidade de proteger as pessoas. Atualmente, já existem vários mapas de riscos que indicam potenciais locais onde um surto pode acontecer. Nós queremos ir além. Queremos identificar os primeiros momentos do início do surto. Se a gente conseguir ganhar 15 dias, já é um tempo enorme para tomar as medidas necessárias e impedir que a doença se espalhe muito. Em alguns aspectos, ganhamos até 30 dias", disse.
Segundo pesquisador, a pandemia de covid-19 pressionou ainda mais o mundo a avançar em soluções para ampliar a vigilância em torno das doenças infecciosas. Ele acredita que, futuramente, o Aesop poderá ser usado em outros país. "Ainda não está funcionando. Fizemos um lançamento apresentando os primeiros resultados".
O sistema usa dados sanitários, ambientais e sociodemográficos. A maioria deles já é coletada tanto no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) como através de outras instituições ou entidades.
"A ideia é fazer uma mineração de dados para filtrar o que a gente precisa. Por exemplo, suponhamos que uma cidade registra que muita gente tem febre. Isso pode ter muitas causas. Mas cruzando os dados, o sistema aponta que há uma combinação de febre e tosse. Você já começa a ficar mais próximo de algo respiratório. E aí estamos somando outras informações como venda de medicamentos. Está vendendo muita aspirina? Muita dipirona? Está acima do que historicamente a cidade vende para aquele período? É um sinal de alerta adicional", explica Barral-Netto.
Até mesmo rumores em redes sociais são monitorados. As informações são garimpadas e reorganizadas a partir de uma modelagem científica desenvolvida por meio de inteligência artificial.
Enquanto o conceito do sistema foi projetado pela Fiocruz, o processo de modelagem foi elaborado por engenheiros do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), da UFRJ. "Eles têm expertise nesse tipo de trabalho. Já desenvolvem modelagem, por exemplo, para dados climáticos", diz Barral-Netto.
Todo o trabalho tem o apoio do Ministério da Saúde e também é resultado de uma parceria com a Fundação Rockefeller, uma associação não governamental com sede nos Estados Unidos que apoia e promove projetos de saúde pública em diversos países do mundo.
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