Chuva no litoral norte de São Paulo foi a maior registrada no Brasil Reprodução / TV Globo - 19.02.2023
Veja as principais informações do caso até aqui:
A chuva começou no sábado, 18, durante a noite e se estendeu durante o dia seguinte. Durante a madrugada foi quando foram registrados os primeiros estragos.
A cidade mais prejudicada foi São Sebastião. A Vila Sahy, na Costa Sul do município, foi a mais atingida por deslizamentos de terra e ficou totalmente destruída. O local soma a maior parte das vítimas da tragédia. Outra cidade atingida foi Ubatuba, que registrou uma das 59 mortes.
Caraguatatuba, Guarujá e Bertioga também sofreram prejuízos e tiveram moradores desabrigados e desalojados.
Confira cinco fatores que causaram o grande volume de água:
- óbitos: 59;
Quem são as vítimas dos temporais no litoral de São Paulo?
Parte das pessoas que morreram era de turistas que estavam nos locais atingidas por conta do período de Carnaval. Há registro, inclusive, de moradores da Bahia, Pernambuco, Ceará, Piauí e Maranhão.
Visitas de políticos após as chuvas
Tarcísio, inclusive, transferiu seu gabinete para São Sebastião e ainda não deixou o município. Ele visitou as áreas mais atingidas durante a semana e fez diversas reuniões tomando as primeiras decisões em relação a tragédia.
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), e ministros do atual governo também fizeram visitas.
'Tragédia anunciada', disse o MP
"A manutenção do núcleo congelado, na área e nos moldes em que se encontra, é uma verdadeira tragédia anunciada, a qual, salienta-se, já se concretizou na área de outros núcleos congelados, em diversas oportunidades ao longo dos últimos anos", disse o MP em 2021.
Em um documento, a Promotoria diz que o crescimento desordenado na Vila Sahy aconteceu por falta de fiscalização da administração municipal e que havia riscos para os moradores que estavam no local.
"A ausência de ação fiscalizatória do Poder Público municipal e total ineficiência das medidas adotadas dentro de seu poder de polícia permitiram a ocupação e a expansão desenfreada do núcleo", concluiu.
O MP ainda afirmou no documento, de 2021, que a comunidade estava instalada em uma área sujeita a risco de deslizamentos de terra e suscetível a inundações, o que aconteceu no último fim de semana.
A Vila Sahy, em tese, é uma área em que estão proibidas novas ocupações. Em 2009, a Prefeitura de São Sebastião assinou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público em que "congela" a área, além de se comprometer a regularizar o local em, no máximo, dois anos, o que não aconteceu.
Em 2021, Ministério Público entrou com uma ação civil pública para exigir a intervenção no local, o que inclui ligação oficial de água, luz, urbanização e liberação das áreas de risco.
Apesar da ação ser de 2021, a regularização fundiária de áreas como a Vila Sahy se arrasta por anos. O Ministério Público informou que ajuizou 42 ações civis públicas com o objetivo de decretar intervenções em 52 áreas com deficiências de infraestrutura e riscos à população de São Sebastião.
A regularização fundiária da Vila Sahhy foi determinada pela Justiça em 2022, no entanto, ainda não saiu do papel. Segundo a prefeitura local, que recorreu da decisão, os prazos estabelecidos não podiam ser cumpridos. A administração afirma que trata-se de um núcleo de alta complexidade e que era necessária a conclusão de estudos geológicos, que antecedem a regularização em si. O recurso foi negado.
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