O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, se manifestou nas redes sociaisDivulgação

Rio – O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), declarou nesta terça-feira (28) que medidas cabíveis serão tomadas em relação às falas preconceituosas do vereador Sandro Fantinel (Patriota), de Caxias do Sul (RS). Na última segunda-feira (27), o parlamentar fez um discurso na tribuna da Câmara Municipal da cidade sobre a operação que resgatou mais de 200 trabalhadores em situação análoga à escravidão de vinícolas de Bento Gonçalves (RS) e citou o povo baiano de maneira preconceituosa.
Durante a fala, o vereador aconselhou os produtores da região a contratar mão de obra de argentinos ao invés de trabalhadores da Bahia. Segundo ele, as pessoas do país vizinho “são limpas”, enquanto os baianos só sabem “viver na praia tocando tambor”.
Além das declarações xenofóbicas, comentários minimizando a situação encontrada nas vinícolas foram proferidos, com o vereador em certo momento indagando se o patrão “tem que botar em hotel 5 estrelas para não ter problema com o Ministério do Trabalho”.
Em suas redes sociais, o governador fez duras críticas. “Eu repudio veementemente a apologia à escravidão e não permitirei que tratem nenhum nordestino ou baiano com preconceito ou rancor. É desumano, vergonhoso e inadmissível ver que há brasileiros capazes de defender a crueldade humana. Determinei, portanto, a adoção de medidas cabíveis para que o vereador seja responsabilizado pela sua fala”, disse.
O senador Otto Alencar (PSD), representante do estado nordestino, levou o assunto à sede do legislativo e registrou a sua revolta em sessão do plenário, levantando o tema do apartheid – regime de segregação racial que existiu na África do Sul durante o século XX.
“O vereador de Caxias do Sul se referiu às vítimas como pessoas do nordeste, baianos, que se portavam de forma irregular. Ou seja, é a vítima sendo tratada de forma exatamente contrária a como deveria ser. Eu quero fazer esse registro, porque é um caso xenofóbico típico de quem quer fazer um apartheid no Brasil, entre sulistas, nordestinos e outros brasileiros. Na cultura baiana abraçamos todos da mesma forma, sem qualquer discriminação. No Rio Grande do Sul os brasileiros são tão iguais quanto na Bahia, no Ceará, na Paraíba”, declarou o senador.
Outros representantes do estado foram às redes manifestar indignação, como o deputado federal Neto Carletto (PP). “Lamentável a declaração do vereador Sandro Fantinel. Onde vamos parar? Xenofobia e racismo são crimes! Um total absurdo! Que esta fala criminosa não passe impune!”, postou.
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