Com apoio operacional da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), a Polícia Civil do Distrito Federal prendeu três brasileiros nesta terça-feira, 7, em Portugal, durante uma operação contra uma organização criminosa que aplicava golpes financeiros em brasileiros. Segundo as investigações, os suspeitos atuavam há, pelo menos, quatro anos. Até o momento, cinco pessoas foram presas, os brasileiros, uma portuguesa e o líder do grupo. Os presos serão extraditados para o Brasil.
Na ação, são cumpridos seis mandados de prisão preventiva com bloqueio de contas bancárias em Lisboa, além do sequestro de criptoativos e derrubada de websites. O chefe da quadrilha foi detido no Aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, ao tentar fugir. O sexto investigado fugiu para a Áustria, onde a Interpol realiza buscas.
De acordo com as investigações, um tcheco morador de Lisboa montou um escritório de fachada em Portugal, registrado como empresa de publicidade. Os brasileiros que viviam no país — em sua maioria ilegalmente — eram empregados em call centers, que faziam ligações para pessoas no Brasil. Eles ofereciam as vítimas falsos investimentos na bolsa de valores, por meio de empresas fantasmas de corretagem.
A contratação era exclusiva de brasileiros pela necessidade de pessoas que falassem português fluentemente, pois o grupo assediava e buscava alvos exclusivamente no Brasil. As vítimas enganadas começavam a investir nas ações indicadas pelos criminosos, mas sempre perdiam tudo. Desesperadas, elas eram incentivadas a fazer novos investimentos, na esperança de reverter o prejuízo. Os investimentos feitos por elas iam direto para as contas dos suspeitos. Pelo menos, 945 vítimas foram identificadas. Algumas delas chegaram a perder R$ 1,5 milhão.
"Ocorre que os novos investimentos também geravam outras perdas, alimentando uma bola de neve. Depois de (fazerem as vítimas) perderem todas as economias e se endividarem ainda mais em bancos, quando não tinham mais um centavo para aplicar, os criminosos cortavam os contatos telefônicos, e elas ficavam sem a quem recorrer", afirma o delegado Erick Sallum.
Os suspeitos usavam mecanismos que mascaravam os números internacionais e simulavam ligações com o DDD do Distrito Federal. Assim, conseguiam com que as vítimas atendessem as ligações. Os investigadores apontam que os investigados acreditavam que as autoridades brasileiras teriam maior dificuldade de desarticular o esquema do que polícias de países como Estados Unidos e de Portugal.
Entre as empresas falsas, estavam Paxton Trade, Ipromarkets, Ventus Inc, Glastrox, Fgmarkets, 555 Markets, ZetaTraders.
Ainda de acordo com a polícia, durante as investigações, foi constatado que havia premiações para os melhores "vendedores". Em grupos de WhatsApp, os "gerentes" incentivavam que os funcionários envolvidos assistissem o filme "O Lobo de Wall Street", protagonizado pelo ator Leonardo DiCaprio.
No longa-metragem, os personagens participam de um esquema para enriquecer rapidamente. Além disso, o lema na empresa era "Pensem em vocês e em suas famílias, esqueçam as vítimas".
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