Momento em que adolescente de 13 anos ataca professora em São PauloReprodução/SBT

O caso do ataque em uma escola estadual de São Paulo nesta segunda-feira (27), em que uma professora foi morta, além de três professores e um aluno terem ficado feridos, apesar de lamentável, não chega a ser inédito. Este tipo de crime tem se tornado cada vez mais comum no Brasil nos últimos anos.
Para entender melhor as causas deste tipo de ataque, O Dia conversou com o psicólogo clínico Leonardo Mendonça, que falou um pouco sobre o que pode levar um adolescente a realizar um ataque como o desta segunda-feira em São Paulo.
''No caso específico do ataque em São Paulo, acredito que o problema pode estar na gestão de atenção. Chamo de gestão da atenção, todo circuito de cuidados que os adolescentes necessitam para serem saudáveis. Uma boa escuta é a principal forma de prevenção do adoecimento psíquico nesta faixa etária'', explicou.
Ele também ressalta que é preciso investigar os detalhes desse caso: ''Para afirmar, precisamos de mais informações, principalmente no que tange ao bullying''.
Prevenção
Leonardo acredita que ''uma boa escuta é a principal forma de prevenção do adoecimento psíquico nesta faixa etária''. Por fim, ele explica que a melhor maneira de evitar esse adoecimento é com o diálogo.
''Meninos e meninas muito silenciosos, pouco questionadores e apáticos demonstram sinais de que estão em sofrimento psíquico. Cabem à família, à escola e à sociedade a investigação, abordagem e cuidado com os adolescentes. Perguntem sempre sobre como seus filhos de sentem, levem tudo que eles conseguirem elaborar como válido'', finalizou.
A história de um aluno ou ex-aluno de uma unidade escolar que chega ao local de estudo e ataca professores, colegas, diretores e outros funcionários já tem muitos locais e datas. Relembre alguns casos marcantes:
Ataque em escolas do Espírito Santo, em 2022
No último mês de novembro, quatro pessoas (três professoras e uma aluna) foram mortas e mais de 10 ficaram feridas após um ataque em duas escolas de Aracruz, no Espírito Santo. Os alvos foram pessoas da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) e de uma unidade particular.

De acordo com a Polícia Militar, um estudante, de 16 anos, entrou armado no colégio estadual e atirou contra adolescentes e também mirou na sala dos professores. Logo depois, o menor entrou em um veículo e foi em direção a uma escola particular. A arma usada pertencia a seu pai.
Ataque a tiros em escola do Ceará, em 2022
Cerca de um mês antes, um adolescente de 15 anos disparou contra três colegas de turma do 1º ano da escola Professora Carmosina Ferreira Gomes. Dois deles foram atingidos na cabeça e um na perna. Nenhuma das vítimas veio a óbito.
Ataque com machadinha no RS, em 2019
Um ex-aluno, de 17 anos, do Instituto Educacional Estadual Assis Chateaubriand, em Charqueadas, interior do Rio Grande do Sul, atingiu quatro alunos com golpes de machado em um ataque à uma sala de aula.
Caso emblemático de Realengo, no Rio de Janeiro, em 2011
O ataque ocorrido na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, foi considerado, na época, o maior massacre em escolas brasileiras. O ex-aluno responsável pelo crime, de 23 anos, entrou armado com dois revólveres na escola e abriu fogo contra alunos com idades entre 13 e 15 anos, resultando na morte de 12 crianças.
O agressor invadiu duas salas de aula antes de ser baleado na barriga pela polícia e, em seguida, disparou um tiro fatal contra a própria cabeça.
Em exceção ao caso do Rio de Janeiro, os responsáveis pelos ataques foram apreendidos.