Sob forte emoção, crianças vítimas de ataque a creche em Blumenau são enterradasAFP

Blumenau - As quatro crianças vítimas do ataque a uma creche em Blumenau (SC) foram enterradas entre a manhã e o começo da tarde desta quinta-feira (6). O corpo de Bernardo Cunha Machado, de 5 anos, Bernardo Pabest da Cunha, de 4, e Larissa Maia Toldo, de 7, foram sepultados às 10h, às 10h30 e às 11h30, respectivamente, no Cemitério e Crematório São José, no centro da cidade. Já o corpo de Enzo Marchesin Barbosa, de 4 anos, foi enterrado por volta das 14h no Cemitério da Comunidade Salto do Norte, mais afastado da região central. 
Todos as despedidas foram marcados por muita emoção, homenagens e salva de palmas às crianças. Oficiais da Marinha que trabalham com o pai de Bernardo Cunha Machado em Itajaí foram até o local para prestar solidariedade. "Era um menino super extrovertido, super para cima, assim como o pai", disse o suboficial Carlos Martiniano, de 42 anos, amigo da família.
A costureira Fátima Tavares da Cunha, de 62 anos, tia-avó de outra vítima, o Bernardo Pabst, também comentou sobre a perda. "Ele era tudo para a família, para os pais. Parecia que só existia aquela criança para eles. Só tinha 4 aninhos, era um anjinho". 
Já o tio da criança, o motorista Valdecir José da Cunha, de 57 anos, afirmou que Bernardo Pabst era uma criança "muito meiga" e descreveu o assassinato do sobrinho como uma "rasteira". "Tirou o chão de nós todos. Não temos palavras, a gente só procura se agarrar em alguma coisa para entender como o ser humano faz um 'troço' desses."
Alta médica
Outras quatro crianças feridas no ataque receberam alta médica nesta quinta, informou o Hospital Santo Antônio em um comunicado. "As quatro crianças receberam alta e já estão com seus familiares (...) Um dos pacientes apresenta uma lesão na mandíbula, que será tratada ambulatorialmente".
Investigações

O prefeito Mário Hildebrandt esteve no velório para prestar apoio às famílias. Ele comentou as investigações do caso. "Toda a inteligência da Polícia Civil está sendo usada para buscar situações de redes sociais, de denúncias, inclusive no celular desse indivíduo, se há alguma possibilidade de vínculo com alguém", disse.

Segundo ele, a avaliação dada pelo delegado-geral nesta quarta, 5, foi apenas preliminar. "É uma primeira análise, mas para confirmação, de que (o criminoso) agiu sozinho, o que vai dizer isso é o celular dele."

O homem de 25 anos, que tinha quatro passagens pela polícia, pulou o muro da creche, matou quatro crianças entre 4 e 7 anos e feriu outras cinco, que têm quadro estável.

Reunião com diretores de escolas

Hildebrandt se reuniu nesta quinta com diretores de escolas municipais, estaduais e privadas de toda a cidade. "O objetivo é traçar estratégias para o retorno às atividades na segunda", disse.

O prefeito também vai se encontrou com chefes das polícias Civil e Militar durante a tarde. "Nós queremos ampliar as ações de ronda, de presença da polícia nas ruas, para que a gente possa minimizar esse efeito de dor que os pais estão sentindo."
Vigília
Desde quarta, familiares e vizinhos de Blumenau se aproximam para fazer homenagens às vítimas depositando flores e bichinhos de pelúcia em frente à creche. Também realizaram uma vigília com velas e correntes de oração.

"Não tenho palavras para expressar o que sinto...nascemos de novo", disse à AFP a engenheira Fernanda Bubniak Schramm, de 41 anos, mãe de uma menina que saiu ilesa.

"Quando soube (do atentado), liguei para a professora e ela me disse que minha filha estava bem, que havia trancado várias crianças no banheiro. É uma heroína", disse em referência à professora Simone Aparecida Camargo, que protegeu vários de seus alunos.
 
*Com informações do Estadão Conteúdo e AFP