No depoimento à PF, Marília Alencar afirmou que ficou 'surpresa' e 'indignada' com a operação da PRF no dia das eleiçõesDivulgação/PM-PR

Brasília - A ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília Alencar, confirmou à Polícia Federal que preparou um mapeamento de eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após o primeiro turno das eleições presidenciais. Segundo Marília, o documento foi entregue ao ex-ministro Anderson Torres. A informação é da jornalista Malu Gaspar, do jornal 'O Globo', e da 'TV Globo'.

À PF, a auxiliar de Torres afirmou que mapeou onde Lula obteve maior votação a pedido do ex-ministro. Segundo ela, o documento seria para investigar uma suspeita de compra de votos e que a solicitação foi presenciada por outros colegas.

Após receber o pedido, ela pediu para que outro funcionário de inteligência preparasse o documento. Marília ainda teria solicitado a impressão dos dados e entregue a Torres. Investigadores acreditam que o documento foi usado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) para realizar blitz em ônibus que transportavam eleitores.

No depoimento, Marília confirmou que esteve Centro Integrado de Comando e Controle do Ministério da Justiça no dia 30 de outubro e que acompanhou a repercussão da operação da PRF pela imprensa. Ela afirmou que ficou “surpresa” e “indignada” com a operação.

Ela negou saber se Anderson Torres participou das ações da PRF. Marília, porém, disse que não interferiu na ação da polícia rodoviária e afirmou não ter contato direto com o comando do órgão.

Operação da PRF
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste, onde o candidato Lula (PT) era favorito, contra 571 no Sudeste, entre os dias 28 e 30 de outubro de 2022, vésperas e dia do 2º turno das eleições. Os dados fazem parte de um relatório do Ministério da Justiça entregue à Controladoria Geral da União (CGU).

Segundo o documento, obtido pela jornalista Andréia Sadi, Anderson Torres teria ido pessoalmente à Bahia pedir que a corporação empenhasse esforços em blitz que supostamente dificultariam a movimentação de eleitores na região onde Lula era favorito.

Torres teria promovido o encontro na Bahia baseado em um mapeamento de cidades onde o efetivo policial deveria ser reforçado, coincidentemente ou não, as cidades eram aquelas onde Lula teria recebido mais votos no primeiro turno.