Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres está preso há cerca de 100 dias no 4ªBPM do Guará, no DFMarcelo Camargo/Agência Brasil

Brasília - O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres vive dias difíceis na prisão do 4º Batalhão da Polícia Militar no Guará, onde reside desde o dia 14 de janeiro. Investigado por suposta omissão nos atos golpistas de 8 de janeiro, ele perdeu peso e apresentou episódios de crise de choro.
Segundo o jornal 'O Globo', um laudo médico assinado este mês por um profissional de saúde do governo do DF indica que o ex-ministro teve "piora significativa" de seu quadro psiquiátrico desde a prisão e do silêncio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros influentes nomes do bolsonarismo.

"Houve piora significativa do estado geral do paciente, com perda de peso, mais ou menos dez quilos, aumento da frequência e intensidade das crises de ansiedade seguidas de crises de choro e nervosismo intenso acompanhada de preocupação intensa em relação às suas filhas menores", disse o médico que acompanha o ex-ministro à coluna da jornalista Bela Megale.

O profissional de saúde afirma ter feito "várias intervenções e ajustes de medicamentos com o intuito de reduzir consequências deletérias das crises (como risco de suicídio)", mas diz que "houve resposta insatisfatória terapêutica aquém do esperado".

O médico diz que os sintomas de Torres são: "sensação de desconforto e angústia física, pressão na cabeça associada a sintomas psíquicos como nervosismo, pensamentos ruins" e "episódios de medo de insegurança relacionada a familiares".

O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal está preso no 4º Batalhão da Polícia Militar, no Guará, no Distrito Federal, há aproximadamente 100 dias. Na última quinta-feira, 20, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou que Torres siga preso.

Na decisão, Moraes explicou que a prisão continuará porque foram descobertos novos indícios de envolvimento de Torres em tentativas de dificultar a votação em regiões no qual o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era favorito no 2° turno das eleições do ano passado.

O magistrado argumentou que a investigação da Polícia Federal reforçou a necessidade de ter a manutenção da prisão do ex-ministro, principalmente por conta de "depoimentos de testemunhas e apreensão de documentos que apontam fortes indícios da participação do requerente na elaboração de uma suposta 'minuta golpista' e em uma 'operação golpista' da Polícia Rodoviária Federal para tentar subverter a legítima participação popular no 2º Turno das eleições presidenciais de 2022".

Em 30 de outubro de 2022, data em que ocorreu o 2° turno, a Polícia Rodoviária Federal fez uma série doe operações e parou carros, motos e ônibus que tinham eleitores em todo país. Boa parte dessas blitz aconteceu em estados do Nordeste. Essas paralisações foram proibidas por Alexandre de Moraes, mas a PRF ignoraram a ordem por algumas horas.

Novo depoimento
A respeito dos bloqueios da PRF no Nordeste, Torres irá prestar depoimento à Polícia Federal nesta segunda-feira (24), por determinação de Moraes.

Esta será a terceira oitiva do ex-ministro à PF desde que foi preso após os ataques aos prédios dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro, em Brasília. Torres vai ser ouvido na condição de "declarante", e não como investigado.