Bento Albuquerque deixou de ser testemunha e passou à cndição de investigado no caso das joias Marcelo Camargo/Agência Brasil
Albuquerque foi quem recebeu o primeiro pacote de joias do governo da Arábia Saudita em 2019. Os bens estavam em uma mochila com o assessor do ex-ministro e foram apreendidas pela Receita Federal.
Com base em 13 depoimentos e documentos apreendidos, a PF acredita que o ex-ministro tem participação na tentativa de entrar com as joias ilegalmente no Brasil. Para os investigadores, Albuquerque sabia que os materiais seriam destinados para uso pessoal de Bolsonaro.
Em depoimento, Bento Albuquerque negou saber que os presentes se tratava de pacotes de joias, contrariando o que disse ao jornal O Estado de S. Paulo, ao qual admitiu acreditar que o primeiro kit de joias, com colar e par de brincos, seria destinado à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
À PF, o ex-ministro ainda afirmou que não houve direcionamento sobre a entrega dos presentes. Ele ressaltou acreditar que os bens seriam destinados ao acervo da União.
Entenda o caso
Entretanto, ao chegar ao país, as peças foram aprendidas na alfândega do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na mochila de um assessor de Bento Albuquerque, então ministro de Minas e Energia. Ele ainda tentou usar o cargo para liberar os diamantes, entretanto, não conseguiu reavê-los, já que no Brasil a lei determina que todo bem com valor acima de US$ 1 mil seja declarado.
Diante do fato, o governo Bolsonaro teria tentado quatro vezes recuperar as joias, por meio dos ministérios da Economia, Minas e Energia e Relações Exteriores. O então presidente chegou a enviar ofício à Receita Federal, solicitando que as joias fossem destinadas à Presidência da República.
Na última tentativa, três dias antes de deixar o governo, um funcionário público utilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para se deslocar até Guarulhos. Ele teria se identificado como “Jairo” e argumentado que nenhum objeto do governo anterior poderia ficar para o próximo.
A defesa do ex-presidente devolveu as peças após uma determinação do TCU. Os bens estão em um cofre de uma agência da Caixa Econômica Federal, em Brasília.
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