Rio - Manoel Soares denunciou, através de suas redes sociais, uma mulher sendo expulsa de um voo após se recusar a despachar uma mala, que continha um laptop, na noite desta sexta-feira. O apresentador do "Encontro", da TV Globo, publicou um vídeo em que Samantha aparecia reclamando de funcionários da Gol e dizendo que seria retirada da aeronave, que sairia de Salvador rumo a São Paulo, antes da decolagem "sem motivo". Em sua publicação, o jornalista ainda informou que ela tinha sido detida no aeroporto. Os internautas se manifestaram em relação ao caso, acusaram a empresa de racismo e pediram explicações.
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"Voo 1575 de Salvador para São Paulo. Samantha ainda está, até esta postagem, detida no aeroporto e não sabe o porque. GOL, qual explicação para uma atitude dessas? Esperamos que não seja o que parece", escreveu Manoel na legenda do vídeo.
Nas imagens, Samantha dizia: "Se eu despachasse com meu laptop, ficaria aos pedaços. O comissários não moveram um dedo para me ajudar. Quem me ajudou foi esse senhor e essa senhora, que em 3 minutos conseguimos dar um jeito e colocar minha mochila. Os comissários falaram para mim que se a gente não pousasse em Guarulhos a culpa seria minha porque eu não queria despachar a mochila. A culpa não é porque o voo tá mais de duas horas atrasado, a culpa é minha. Faz mais de duas horas que coloquei minha mochila aqui e o voo ainda não decolou", afirmou ela.
"Agora, vem três homens para me tirar do voo sem falar o motivo. Eu perguntei qual é o motivo, ele disse que não vai falar e que se eu não sair desse voo ele vai pedir para todo mundo sair, que eu estava desobedecendo e cometendo um crime", destacou.
Famosos e internautas reagiram ao caso. "Absurdo total", comentou Carlinhos Brown. "Que absurdo", disse Lucy Ramos. "Inacreditável", afirmou a ex-BBB Sarah Aline. "Está na cara que é racismo", apontou um usuário do Instagram. "Inaceitável. Até quando vamos presenciar cenas como essa? Gol, totalmente desnecessário e lastimável a postura de vocês! Isso é racismo sim, e basta", destacou outro. Alguns ainda sugeriram um boicote à empresa aérea.
Testemunha do caso se manifesta
Nas redes sociais, a jornalista Elaine Hazin, que presenciou o caso, deu detalhes do ocorrido. "Meu coração está sangrando neste momento. Presenciei agora à noite um caso extremamente violento de racismo, sofrido por uma mulher negra no voo 1575 da Gol, chamada Samantha", começou.
"Depois de uma hora de atraso, embarcamos e Samantha não conseguia um lugar pra guardar sua mochila, o voo estava “cheio” para ela (quando não está, né?). A tripulação ignorava completamente o desespero desta mulher. que era obrigada a despachar a mochila com seu computador - sendo, inclusive, acusada por parte da tripulação de ser “a razão do atraso”. Conseguimos um lugar para a mochila de Samantha e nem mesmo assim o voo decolaria", continuou.
"Mais uma hora de atraso, nenhuma satisfação da cia área, gente passando mal no avião e eis que três homens da Polícia Federal entram de forma extremamente truculenta no avião para levar a “ameaça” do voo embora - a Samantha. Ela se defende mas não reage, alguns pedem pra ela não ir (na maioria mulheres), eu me desespero, todas com muito medo, apreensão e os policiais ameaçam algemá-la. Não dizem a razão de levá-la presa, só que foi uma ordem do comandante", disse.
"Samantha era uma ameaça por ser uma mulher, ser preta, ter voz. Ela foi levada pela Polícia, eu quase fui levada junto por defendê-la, me agrediram, me ameaçaram. A mãe de Samantha chorava desesperada ao telefone por não saber o destino de sua filha. Eu chorava também. Outras mulheres e homens se desesperavam. O que eles não sabiam é que Samanta há não estava só - é que enquanto pudermos, enquanto tivermos forças vamos lutar todos juntos contra o racismo! Graças ao meu amigo, Manoel Soares, Samantha não ficou só e teve o apoio de dois advogados. Mas está história não termina aqui, queremos justiça e respeito para todos, queremos que a Gol, este comandante e a tripulação (especialmente um homem chamado Erick) paguem por este crime e os policiais também respondam por tamanha violência", finalizou.
Posicionamento da Gol
Em nota enviada ao O DIA, nesta tarde, a Gol se manifestou sobre o caso. "A GOL informa que, durante o embarque do voo G3 1575 (Salvador - Congonhas), havia uma grande quantidade de bagagens para serem acomodadas a bordo e muitos clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente. Mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo", diz um trecho do comunicado.
"Lamentamos os transtornos causados aos clientes, mas reforçamos que, por medidas de Segurança, nosso valor número 1, as acomodações das bagagens devem seguir as regras e procedimentos estabelecidos, sem exceções. A Companhia ressalta ainda que busca continuamente formas de evitar o ocorrido e oferecer a melhor experiência a quem escolhe voar com a GOL e segue apurando cuidadosamente os detalhes do caso", informa.
Samatha está em casa com a família
O advogado Fernando Santos, que acompanha o caso, disse, ao "G1", que Samatha foi ouvida pela polícia após ser expulsa do voo e que foi retirada dela da aeronave aconteceu depois dela ser acusada pelo comandante do avião por "perturbação da ordem a bordo". "Agora vamos trabalhar para que a Gol e todas as pessoas que lesaram os direitos de Samantha sejam seja responsabilizadas", comentou.
Após o episódio, Samantha retornou para São Paulo e já está com a família. Ela ainda não se pronunciou sobre o caso.
Voo 1575 de Salvador para São Paulo. Samantha ainda está, até esta postagem, detida no aeroporto e não sabe o porque.@VoeGOLoficial qual explicação para uma atitude dessas? Esperamos que não seja o que parece. pic.twitter.com/ViJ1z8JNp1