MPF avalia que governo Bolsonaro tentou incorporar joias ao acervo pessoal do ex-presidente Twitter/Reprodução
As investigações revelaram que, no fim de dezembro de 2022, o tenente-coronel Mauro Cid, chefe da Ajudância de Ordens da Presidência da República, se empenhou para liberar as joias junto a agentes da Receita Federal. Além disso, Cid acionou funcionários, entre eles Marcelo da Silva Vieira, para que tentassem realizar os trâmites burocráticos para recebimento dos itens de luxo.
"Trata-se de processo que se iniciou com resultado definido, deixando hialina [transparente] a utilização do processo administrativo no âmbito do setor chefiado por Marcelo Vieira apenas como forma de legitimar a incorporação privada do bem", escreveu a procuradora à Justiça.
Em depoimento à PF, Vieira afirmou que Mauro havia informado que, em 29 de dezembro, iriam chegar presentes destinados Jair Bolsonaro e que o próprio ajudante de ordens encaminharia informações “por meio eletrônico, inclusive o formulário de encaminhamento, e respectivas fotos, para que fossem tratados pelo GADH, pois o presente físico seria entregue ao seu titular” — ou seja, o então presidente.
Segundo ela, na época, não caberia à Ajudância de Ordens, que estava sob o comando de Cid, decidir se os artigos de luxo iriam diretamente para o chefe do Executivo federal — "e que o GADH receberia apenas os documentos com fotos do objeto", como diz o MPF.
De acordo com a procuradora, a atribuição de tratar como item público ou privado seria trabalho do GADH, que era chefiado por Vieira.
Nas investigações, a PF descobriu que o trâmite para o encaminhamento das joias teve início mesmo antes delas chegarem ao Brasil, no entanto, este não foi finalizado, já que o corpo técnico da Receita não liberou o conjunto retido na alfândega.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.