O grupo xamânico acusado de fazer o uso ilegal de veneno de sapo para aplicar em pessoas durante os rituais disse que "não possui mais qualquer ligação" com o psicodélico. Os participantes de rituais realizados pelo Instituto Xamanismo Sete Raios afirmaram não terem sido avisados que a substância psicodélica é proibida no Brasil.
"Nosso uso religioso do bufo alvarius foi uma situação eventual e episódica, que cessou tão logo recebemos orientação jurídica", disse o instituto em publicação nas redes sociais.
"O uso dessa substância pertence ao âmbito das práticas religiosas e ancestrais em outras partes do mundo, de movo que a questão proibicionista no Brasil vem sendo objeto de amplo debate entre a comunidade jurídica, científica e filosófica", acrescentou.
Segundo denúncias, o grupo usava a substância alucinógena 5-MeO-DMT, retirada do sapo Bufo alvarius, para aplicar durante as sessões. No entanto, a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos, do Ministério da Justiça, afirma que a prática é crime e proibida no país.
A Polícia Civil de São Paulo apura um possível crime de tráfico de drogas por parte do grupo. Segundo os agentes, o Departamento de Investigações sobre Narcóticos realiza diligências para esclarecer as denúncias.
No fim de abril, a polícia chegou a abrir um inquérito para apurar a prática de curandeirismo, mas o processo foi arquivado por haver falta de provas. No mesmo mês, a Polícia Civil de Goiás apreendeu a substância 5-MeO-DMT pela primeira vez no país. Segundo os agentes, o material estava enterrado no quintal de um suposto líder espiritual.
"Intolerância religiosa é crime — e todas as injúrias promovidas pelo casal, na sua ânsia persecutória, serão oportunamente debatidas e esclarecidas perante a Lei", continuou a nota publicada pelo instituto.
"O Xamanismo Sete Raios é uma fundação religiosa que há 10 anos reverencia e apoia diretamente a cultura originária e os povos da Amazônia, por meio de doações recorrentes, da conscientização sobre os direitos indígenas e num trabalho de fortalecimento da cultura e da sabedoria ancestral", afirmou o texto.
Veneno de sapo
O veneno do sapo Bufo alvarius, conhecido como "bufo", seca quando é extraído do animal e pode ser inalado. Entre outras substâncias liberadas está o psicodélico 5-MeO-DMT, que é proibido pela Anvisa no Brasil.
Pessoas que participaram de rituais promovidos pelo grupo xamânico relataram terem feito uso da substância em sessões do Xamanismo Sete Raios ao longo de 2021, mas que não foram alertadas sobre a ilegalidade do elemento.
"Eles manipulam pessoas, dão um tom de religiosidade nesses rituais e anunciam essas curas, inclusive através dessa substância proibida, que é o bufo", afirmou o advogado de uma das vítimas.
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