Dino diz que visitou Arthur Lira após ação da PF: 'Falei o óbvio'
Operação da Polícia Federal mirou aliados do presidente da Câmara dos Deputados suspeitos de participar de um suposto esquema de desvio de verbas públicas
Ministro Flávio Dino disse que só passou as informações sobre a operação que já eram públicas - Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Ministro Flávio Dino disse que só passou as informações sobre a operação que já eram públicasFabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou nesta sexta-feira, 2, que visitou o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), após a operação da Polícia Federal a nesta quinta-feira, 1º, que cumpriu mandados em seis estados e no Distrito Federal em endereços ligados ao deputado. As informações são da colunista Adreia Sad i, da Globoews.
A operação investiga um grupo suspeito de desviar R$ 8 milhões em uma fraude praticada entre 2019 e 2022. Segundo a Polícia Federal, os equipamentos foram comprados para 43 municípios de Alagoas com o verbas do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Segundo revelado por Dino, o presidente da Câmara chegou a pedir informações ao ministro sobre a operação. No entanto, Dino afirma que apenas transmitiu o que já estaria público.
“Falei o óbvio: ordem judicial. Sou senador, ele é o presidente da Câmara. Anormal se eu tivesse ido lá antes da operação policial, o que jamais ocorreria”, disse Dino a jornalista.
Lira afirmou nesta quinta-feira, durante uma entrevista a Globonews, que não se sentia atingido ou pressionado pela operação. “Cada um é responsável pelo seu CPF nesta terra e neste país”, disse.
Quando as investigações começaram?
A PF iniciou a apuração da possível fraude após uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo informar que a empresa Megalic, de Maceió, chegou a cobrar cerca de R$ 14 mil por kit às prefeituras de municípios de Alagoas. No entanto, a empresa teria adquirido os kits por um valor muito menor (R$ 2.700) de um fornecedor no interior de São Paulo.
Após isso, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou ao governo federal a suspensão dos repasses e dos contratos com a empresa para a compra dos objetos.
De acordo com a apuração da PF, as licitações para compra dos kits incluíam, de forma ilegal, restrições que direcionavam todos os contratos para uma única empresa fornecer os materiais. Com a ação, o esquema fraudulento chegou a desviar R$ 8,1 milhões do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) entre 2019 e 2022.
Com o objetivo de burlar o sistema do Banco Central/Coaf, as transações eram realizadas de forma fracionada com valores individuais abaixo de R$ 50 mil. Depois disso, os saques eram feitos em espécie para o pagamento dos envolvidos. Até agora, o prejuízo já chega a R$ 19,8 milhões.
Onde e quantos mandados foram cumpridos?
A PF cumpriu 27 mandados de busca e apreensão nos seguintes municípios:
- Maceió (AL): 16;
- Gravatá (PE): 1;
- São Carlos (SP): 1;
- Goiânia (GO): 1.
Os mandados também se estenderam a capital federal, Brasília.
Veja quem são os apontados pela PF
- Luciano Ferreira Cavalcante, funcionário da Câmara dos Deputados aliado de Arthur Lira (PP-AL).;
- Edmundo Leite Catunda Junior, pai do vereador por Maceió João Catunda (PP), aliado político de Arthur Lira (PP);
- A empresa Megalic.
O que foi apreendido até agora?
- R$ 4 milhões em uma sala de edifício comercial em Maceió;
- carros importados, cada um avaliado em mais de R$ 200 mil;
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