Segundo a pesquisa, para 31% dos brasileiros, os homens teriam mais direito ao trabalho do que as mulheres Reprodução

Os preconceitos sexistas "enraizados" nas sociedades não diminuíram nos últimos 10 anos, apesar das campanhas a favor dos direitos das mulheres como o 'MeToo', afirma um relatório divulgado pela ONU nesta segunda-feira, 12. De acordo com a análise do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), cerca de 84,5% das pessoas no Brasil têm pelo menos um tipo de preconceito contra as mulheres.
O levantamento mostra que os piores indicadores no país são em relação à integridade física. São avaliados a violência íntima e o direito à decisão de querer ou não ter filhos. Mais de 75,5% dos homens possuem esse tipo de preconceito no Brasil, e aproximadamente 75,8% das mulheres também têm.
O relatório da Organização das Nações Unidas aponta ainda que a educação tem o menor índice de preconceito, com apenas 9,59% dos entrevistados acreditando que a universidade é mais importante para o homem do que para a mulher.
Já na política, cerca de 39,91% das pessoas expressaram ter preconceito de gênero e acreditam que as mulheres não são tão boas na área como os homens. Além disso, também acreditam que as mulheres possuem menos direitos do que os homens.
Segundo a pesquisa, para 31% dos brasileiros, os homens teriam mais direito ao trabalho do que as mulheres ou homens fazem melhores negócios do que as mulheres. Apenas 15,5% dos brasileiros não têm preconceito contra as mulheres.
O levantamento foi realizado em 80 países e abrange mais de 85% da população mundial. A análise mostra que quase 90% da população no mundo, sem importar de qual sexo, tem algum tipo de preconceito contra as mulheres.
Entre homens e mulheres, "normas sociais de gênero preconceituosas prevalecem em todo o mundo: quase 90% das pessoas afirmam ter pelo menos um preconceito" de sete analisados pelo programa

Os "preconceitos estão muito propagados, tanto entre os homens como entre as mulheres, o que sugere que estão profundamente arraigados e influenciam homens e mulheres em níveis similares", afirma o documento.

O PNUD atualizou o Índice de Normas Sociais de Gênero (GSNI), que leva em consideração as dimensões políticas, econômicas, educacionais e de integridade física, com dados da Avaliação de Valores Mundiais, um projeto internacional que estuda como os valores e as crenças são diferentes ao redor do mundo.

O índice mostra que "não houve progresso a respeito do preconceito contra as mulheres em uma década", segundo o PNUD, "apesar das grandes campanhas globais e locais pelos direitos das mulheres", como o 'MeToo'.

Por exemplo, 69% da população mundial acredita que os homens são melhores líderes políticos que as mulheres. E apenas 27% dos entrevistados acreditam que é essencial para a democracia que as mulheres tenham os mesmos direitos que os homens.

Quase metade da população (46%) acredita que os homens têm mais direito a um emprego e 43% afirmam que os homens são os melhores líderes empresariais.

O relatório mostra ainda que 25% da população considera justificável a agressão de um homem contra a esposa e 28% considera que a universidade é mais importante para os homens.

"As normas sociais que afetam os direitos das mulheres são prejudiciais para a sociedade em seu conjunto, que impede a expansão do desenvolvimento humano", afirmou em um comunicado Pedro Conceição, coordenador do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD. "Todos ganham quando a liberdade e o poder das mulheres são garantidos", acrescentou. 
 *Com informações da AFP