Passagem de ciclone provaca alagamentos, bloqueio de estradas e cancelamento de voos em Santa Catarina e no Rio Grande do SulReprodução: redes sociais

A passagem de um ciclone extratropical próximo do litoral de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul provocou alagamentos, bloqueio de estradas e cancelamento de voos nesta sexta-feira, 16. Até o momento, uma pessoa morreu e quatro estão desaparecidas no Rio Grande do Sul. A informação foi confirmada pelo governador do estado, Eduardo Leite, em transmissão ao vivo nas redes sociais.

Segundo o gestor estadual, a morte aconteceu em razão de um choque elétrico. Outras 625 já foram resgatadas. "O momento, especialmente, é de cuidado com as vidas humanas", disse Leite.

"Se cuidem, cuidem das suas famílias. Isso tudo há de passar. E a gente quer que passe sem outras perdas de vidas humanas. Infelizmente, temos uma morte já confirmada, mas agora é o momento de a gente proteger as vidas. Dos danos materiais, das perdas materiais, a gente se encarrega depois", escreveu.

De acordo com o governador, mais de mil pessoas, incluindo homens da brigada militar, do corpo de bombeiros e da defesa civil, atuam para garantir a segurança da população em todo o estado. "Nossas equipes estão mobilizadas para dar a assistência e o apoio às comunidades mais afetadas pelas fortes chuvas que incidem especialmente sobre a região nordeste do RS", acrescentou Eduardo Leite.

 
 
 
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No município de Maquiné, o nível do Rio Maquiné subiu rapidamente e deixou pessoas ilhadas em alguns pontos. Em Caraá, o nível do Rio Jacuí também subiu, causando diversos transtornos. "Uma equipe está tentando acessar a cidade para apoio", informou o governo estadual. As equipes da defesa civil atuam de forma articulada sobretudo com o Comando Ambiental dos bombeiros, que dispõe de embarcações.
Pelas redes sociais, o prefeito de Maquiné, João Marcos Bassani dos Santos, alertou em tons de desespero para que moradores saíssem de suas casas devido a fortes chuvas causadas pelo ciclone. "Estou pedindo, implorando, saiam", diz, ao afirmar que não existem equipes do Corpo de Bombeiros suficientes para atender a demanda. "Antes que seja tarde".

O gestor municipal também alertou para que as pessoas procurem lugares mais altos e preservem a vida ao invés dos bens materiais.
Em Porto Alegre, capital do estado, a prefeitura informou ter mobilizado equipes desde a madrugada desta sexta, para atendimento aos danos causados pela chuva e pelo vento nas últimas horas. A maioria das ocorrências diz respeito a árvores tombadas, fios ou postes de energia caídos, acúmulo de água em diversas vias, quedas de muros e residências comprometidas.

A capital registra um acumulado de 82 milímetros (mm) de chuva nas últimas 24h, conforme dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais. A média para junho é de 140 mm. As chuvas devem continuar ao longo do dia em toda a região metropolitana, com possibilidade de mais 100 mm de precipitação.

Estão sem energia as estações Belém Novo, Ilhas, Moinhos de Vento, São João e Tristeza, causando desabastecimento nos bairros. O Departamento Municipal de Água e Esgotos está em contato constante com a companhia de energia elétrica, a CEEE Grupo Equatorial, para retomar o fornecimento de energia às estações o mais rápido possível.
Em Capão da Canoa, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, um hospital de ficou completamente inundado após as fortes chuvas que atingiram a cidade. A unidade de saúde precisou restringir totalmente os atendimentos depois do alagamento.

Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram a água das chuvas saindo pelas portas e janelas, deixando os corredores do Hospital Santa Luzia inundados. Em comunicado, a direção da unidade orientou pacientes a procurarem outros hospitais.
Já em Sapiranga, na região Metropolitana de Porto Alegre, a água inundou a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) e pacientes precisaram ser resgatados com o uso de botes.
Em Santa Catarina, o ciclone causou deslizamentos na noite desta quinta em Praia Grande, região Sul do estado, e Joinville e São Francisco do Sul, na região Norte.
Voos cancelados e estradas bloqueadas
Pelo menos 11 voos foram cancelados no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, devido ao vento forte. Já nas estradas, a Polícia Rodoviária Federal e o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) do Rio Grande do Sul registraram pontos de interdição em rodovias federais nas cidades de Sapucaia, Dois Irmãos, Torres, Salvador do Sul, Caxias do Sul, Carlos Barbosa, Farroupilha, Venâncio Aires e Morre Reuter.
Aulas suspensas

Algumas cidades precisaram suspender as aulas em instituições municipais de ensino. Ao todo, 21 cidades cancelaram as aulas em escolas, por questão de segurança.

As aulas foram canceladas na cidade de Alvorada, Brochier, Cachoeirinha, Canoas, Capão da Canoa, Cidreira, Dom Pedro de Alcântara, Gravataí, Lindolfo Collor, Maquiné, Maratá, Novo Hamburgo, Osório, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Terra de Areia, Torres, Tramandaí, Três Cachoeiras, Viamão e Xangri-Lá.
Veja os volumes de chuva acumulados
- Maquiné (RS): 254,6 mm
- Bom Princípio (RS): 208,6 mm
- São Leopoldo (RS): 195,4 mm
- Gravataí (RS): 189,6 mm
- Alto Feliz (RS): 183,8 mm
- Sapucaia do Sul (RS): 173,6 mm
- São Sebastião do Caí (RS): 172 mm
- Três Forquilhas (RS): 160,6 mm
- Sapucaia do Sul (RS): 159,5 mm
- Teutônia (RS): 153,6 mm
- Nova Santa Rita (RS): 150,8 mm
- Porto Alegre/Cristal (RS): 115,4 mm
- Porto Alegre/São João (RS): 110,1 mm
- Campo Bom (RS): 168,2 mm
- Torres (RS): 102,6 mm
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as maiores rajadas de ventos entre 3h do dia 15 e 3h da madrugada desta sexta-feira.
- Tramandaí (RS): 102 km/h
- Bom Jardim da Serra/Morro da Igreja (SC): 83 km/h
- Laguna/Farol de Santa Marta (SC): 83 km/h
- São José dos Ausentes (RS): 76 km/h
- Porto Alegre/Jardim Botânico (RS): 71 km/h
Orientações da Defesa Civil

- evitar o deslocamento para regiões afetadas;
- se estiver seguro, permanecer em casa;
- se morar em área de risco, sair do local;
- separar documentos importantes e embalá-los em sacos plásticos;
- evitar atravessar as águas de carro ou a pé;
- se ficar isolado em local inseguro, acionar imediatamente o 193.
"Neste momento, o nível dos rios da região está baixando, mas, com a possibilidade de chuva, tende a subir novamente. Fiquem atentos às orientações das defesas civis municipais e estadual, que vai lançar avisos e alertas ao longo do dia. Não retornem para suas casas. Embora a situação, neste momento, esteja sob controle, ainda temos o risco de que os níveis dos rios voltem a subir", alertou o coronel Luciano Chaves Boeira.
*Com informações da Agência Brasil