Ex-presidente Jair BolsonaroEvaristo SA / AFP

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que não vai se "desesperar" com a possibilidade de se tornar inelegível após julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que será retomado nesta terça-feira, 27. O ex-chefe do Executivo ainda afirmou que é "imbrochável até que se prove o contrário" e que tem "bala de prata" para 2026.

"A tendência, o que todo o mundo diz, é que eu vou me tornar inelegível", afirmou, em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da 'Folha de S. Paulo'. "Eu não vou me desesperar. O que que eu posso fazer?"

"Eu sou imbrochável até que se prove o contrário. Vou continuar fazendo a minha parte", respondeu, ao ser questionado sobre como ele se sentia em relação ao assunto.

Quando perguntado se ele acha que seria possível reverter a inelegibilidade no futuro, Bolsonaro disse que conhece a "composição das Cortes superiores" — que mudam ao longo dos anos e dependendo das indicações de quem estiver no poder — e que acredita na possibilidade.

Ele também falou sobre as acusações de um golpe de Estado. "Desde janeiro de 2019 falaram que eu ia dar o golpe: 'Vai dar o golpe, vai dar o golpe'. 'Olha, botou militar'. Eu botei gente que era do meu círculo de amizade. Se eu fosse petista, ia botar ladrões lá", afirmou. "Se fala em golpe no Brasil desde 1964. A coisa mais fácil é tomar alguma coisa (o poder) estando no governo. Mas e o 'after day'?".
Ao falar sobre a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), o ex-chefe do Executivo disse que ela pode ser candidata, caso queira, mas que acha que ela não tem experiência suficiente.
"Se ela quiser, ela pode sair candidata. Mas o que eu converso com a Michelle é que ela não tem experiência. Para ser prefeito de cidade pequena já não é fácil. Lidar com 594 parlamentares não é fácil também. Eu acredito que ela não tem experiência para isso. Mas é excelente cabo eleitoral", afirmou na entrevista.
Durante a fala, ele ainda mencionou as investigações da Polícia Federal que identificaram diversos depósitos em dinheiro vivo de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, a Michelle Bolsonaro.
"Eu vi na imprensa que abriram um processo sobre despesa da dona Michelle. Me aponte, porr*, uma despesa", afirmou. "Ela comprou um vestido, comprou um sapato, uma merda qualquer? Aponte. Não tem. Se você pegar meu extrato bancário, todo o saldo meu é maior do que as nossas despesas. Ele sacava o dinheiro da minha conta, e pagava".

Ao ser questionado sobre o porquê ele mesmo não fazia o pagamento diretamente, Bolsonaro respondeu que era "manicure, é não sei o quê, umas frescuradas todas". "Então era para não entrar meu nome lá e não ficar toda hora usando o meu cartão. Daqui a pouco eu tô pagando algo para um cara que tem problema. Se eu boto Pix para um cara que cuida de cachorro, por exemplo, mas está também na boca de fumo?", acrescentou.

"O que nós plantamos ao longo de quatro anos não foi blábláblá. Eu fui para o meio da massa, bafo na cara, arriscando levar um tiro, uma facada", concluiu.