Novos desmatamentos se expandem pelo território indígena SepotiDivulgação/Polícia Federal
Os dados, publicados nesta terça-feira (27), são da mais recente atualização do Global Forest Watch (GFW), do World Resources Institute (WRI), instituição global de pesquisa e proteção ambiental. Com base em imagens de satélite, foi possível constatar que a perda de florestas primárias na região dos trópicos, onde ficam as grandes florestas úmidas como a Amazônia, foi 10% maior em 2022 do que em 2021.
Foram 4,1 milhões de hectares, o equivalente a 11 campos de futebol por minuto, uma perda que produziu 2,7 gigatoneladas (Gt) de emissões de dióxido de carbono, número equivalente às emissões anuais de combustíveis fósseis da Índia.
A destruição de florestas primárias aumentou não só no Brasil e na República Democrática do Congo - os dois países com mais florestas tropicais no mundo - como também em outras nações, como Bolívia e Gana. Entre os países com grandes áreas de florestas primárias, apenas Indonésia e a Malásia conseguiram manter as taxas de perda de florestas primárias próximas aos níveis mais baixos já registrados.
Florestas primárias
“Isso representa mais de 1,7 milhão de hectares de florestas tropicais primárias, que são as florestas mais maduras, mais intactas e mais importantes ecologicamente para o sistema ambiental do mundo”, explicou o coordenador de Ciência de Dados de Florestas do WRI Brasil, Jefferson Ferreira-Ferreira.
“Embora a gente não consiga dizer quais são as causas exatas dessa perda de florestas, existem indícios muito importantes que mostram que uma boa parte se deu por causa da expansão da agricultura e de pastagens, principalmente no sudoeste da Amazônia, nos estados do Acre e do Amazonas. No Acre e no Amazonas. o que se viu nos últimos dois anos foi que as taxas de perda de florestas tropicais praticamente dobrarem, o que representa um risco bastante grande, porque é nesta região que se tem algumas das florestas mais intactas do país”, disse Ferreira-Ferreira.
Segundo o WRI Brasil, além dos impactos de carbono, a perda de florestas na Amazônia afeta as chuvas regionais e pode, em última instância, levar a um “ponto de não retorno” em que a maior parte do ecossistema se tornará uma savana. Neste bioma, a perda de floresta primária acelerou na Amazônia Ocidental. No caso do Amazonas, local de mais da metade das florestas intactas do Brasil, a taxa quase dobrou em apenas três anos.
O Acre também apresentou alguns dos níveis mais altos de perda já registrados. As perdas de florestas primárias na parte da Amazônia brasileira são causadas, principalmente, por desmatamentos em grande escala (provavelmente para pastagens de gado) juntamente com as rodovias existentes.
“Essas perdas de florestas sempre podem ser revertidas, mas leva tempo. Algumas ações imediatas que podem e devem ser tomadas são ações de controle que fortalecem a fiscalização, que fazem cumprir a a legislação e aplicação de multas”, explicou o coordenador.
Ações
Vários territórios indígenas ameaçados na Amazônia brasileira também perderam florestas primárias em 2022, aponta o levantamento do WRI Brasil. Os territórios Apyterewa (PA), Karipuna (RO) e Sepoti (AM) registraram níveis recordes relacionados a invasões de terra. A perda de floresta primária devido à mineração também é visível no território indígena Yanomami (RR), que foi alvo de uma operação governamental para expulsar garimpeiros ilegais no início de 2023.
Novos desmatamentos se expandem pelo território indígena Sepoti. Apesar disso, os territórios indígenas no Brasil têm uma taxa de desmatamento muito menor do que terras semelhantes gerenciadas por outros agentes e representam os últimos sumidouros de carbono da Amazônia.
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