Diante da falta de negociação, rodoviários e metroviários mantém greve e paralisação no RecifeArthur Mota/Folha de Pernambuco

O transporte público na Região Metropolitana do Recife segue em evidência nesta quinta-feira, 27, segundo dia de greve dos rodoviários e metroviários, com paralisação dos serviços e protestos das categorias, que luta contra a falta de reajuste salarial e o projeto de privatização do sistema metroviário. Em um dos protestos, ao menos 18 ônibus foram enfileirados e tiveram os pneus esvaziados na PE-15, em Olinda, nesta manhã.

Em greve por tempo indeterminado, os rodoviários iniciaram o movimento trabalhista na quarta-feira, 27, reduzindo o número de veículos em circulação, além de estacionarem os coletivos em fileira na Avenida Agamenon Magalhães - na altura da praça do Derby - e na Avenida Guararapes - a partir da Ponte Duarte Coelho (conhecida popularmente como “ponte do galo).

Além da pauta salarial, a categoria também exibiu faixas em que eles pedem o fim da compensação das horas extras acumuladas após uma decisão judicial desfavorável aos trabalhadores em outro movimento de paralisação.

O metrô do Recife está completamente paralisado desde às 22h de terça-feira, 25, e só voltará a operar a partir das 22h desta quinta-feira, 27. A operação normal deve retornar apenas na sexta-feira, 28. A categoria pede a aprovação do Acordo Coletivo de Trabalho 2023/2025, protesta contra o sucateamento da estrutura das estações e trens e se mobiliza contra a privatização do sistema metroviário.
Judicialização
Mesmo diante de todos os transtornos causados à população diante da escassez de coletivos, até o momento, nem a Urbana (empresa que controla o serviço de transporte rodoviário, nem a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que gerencia a operação do metrô, ofereceram um acordo que os trabalhadores consideram satisfatório.
Por esta razão, decidiram pela manutenção da paralisação do metrô e da greve dos motoristas de ônibus. Ambas as empresas responsáveis pela prestação dos serviços têm demonstrado insatisfação por meio de notas enviadas à imprensa, além de estarem judicializando os movimentos trabalhistas.

A Urbana, responsável pelos ônibus, emitiu uma nota alegando que “ao contrário do que tem sido divulgado pelas lideranças rodoviárias, a Urbana-PE sempre esteve aberta ao diálogo e apresentou propostas concretas, inclusive com ganho real para a categoria. Entretanto, os rodoviários seguiram inflexíveis e aparentemente desinteressados em uma verdadeira negociação, dentro da realidade econômica do país e do setor”.

O sindicato patronal acionou o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6) e a corte ordenou que os rodoviários coloquem 60% da frota no horário de pico, e 40% no fora pico, com multa de R$ 30 mil por dia em caso de descumprimento. A Urbana afirma que os trabalhadores não estão obedecendo a decisão do Tribunal e estão “tentando impedir a prestação do serviço de transporte público por ônibus”.

"As lideranças rodoviárias também continuam instruindo os trabalhadores a não comparecerem às garagens, impossibilitando a oferta do serviço nos percentuais mínimos definidos pelo TRT. A atitude do Sindicato dos Rodoviários configura clara abusividade do movimento", completa a Urbana-PE. O sindicato da classe patronal solicitou apoio da Polícia Militar para assegurar a prestação do serviço nos percentuais determinados pelo TRT-6.
Já a CBTU, responsável pelo metrô, entrou na Justiça para pedir que a categoria garanta o funcionamento nos horários de pico, ou seja, das 5h30 às 8h30, e das 17h30 às 19h30. Contudo, desde a manhã de quarta-feira nenhuma das 27 estações de metrô e VLT abriu, afetando 180 mil passageiros — ou 2 milhões, considerando os usuários dos ônibus.

Em nota, a empresa justificou a decisão afirmando que “lamenta a decretação de greve de 48h, mas respeita a decisão da categoria, contudo não poderia deixar de assistir a população e por isto, deu entrada em pedido judicial para cumprimento do serviço nos horários de pico".