Zambelli e Bolsonaro eram próximos, mas se afastaram desde a última eleiçãoMarcos Corrêa/PR

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro acompanham apreensivos os desdobramentos da operação da Polícia Federal que mira a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto.

A ação tem conexão direta com a apuração de iniciativas para atrapalhar a eleição presidencial de 2022, atacar instituições e invadir sistemas de órgãos públicos para espalhar fake news e falsificar documentos.

Segundo pessoas próximas, Bolsonaro disse a aliados que não atende mais ligações de Carla Zambelli desde janeiro de 2023. O ex-presidente teria sido procurado pela parlamentar novamente nas últimas semanas, mas decidiu ignorar as tentativas de contato. As informações são de Andreia Sadi, da Globo News.
Segundo a investigação policial, a deputada chegou a levar o hacker - preso nesta quarta-feira, 2, pela PF - a uma reunião com o próprio Bolsonaro ainda em 2022. Na ocasião, ela supostamente falou sobre uma tentativa frustrada de invadir o sistema das urnas eletrônicas, o que ele teria ouvido “calado”.
Duramente criticada até mesmo no âmbito de aliados da direita e extrema-direita desde a véspera do segundo turno da eleição de 2022, quando perseguiu um jornalista negro com uma arma em punho, Zambelli está cada vez mais isolada politicamente.

Além disso, a parlamentar enfrenta diversos processos judiciais, dentre os quais dois podem levar à sua inelegibilidade, ambos propostos por parlamentares do PSOL em dezembro.

A primeira ação de investigação eleitoral é de autoria da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e pede a condenação de Zambelli por ter espalhado notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral no final de setembro de 2022.

A segunda ação, proposta por Sâmia e pelo deputado federal Glauber Braga (PSOL-SP), acusa a deputada bolsonarista de ter incitado um golpe de Estado no final de novembro de 2022.