Deputada federal Carla ZambelliAgência Brasil

Isolada no PL, seu partido, e acuada pela Polícia Federal, a deputada Carla Zambelli tentou nesta quinta-feira, 17, desacreditar as declarações do hacker da 'Vaza Jato' Walter Delgatti Neto, o 'Vermelho', à CPMI dos atos de 8 de janeiro. Enquanto ele a implicou em um esquema com suposta participação do ex-presidente Jair Bolsonaro para invadir as urnas eletrônicas, Zambelli reagiu e o desafiou: "Usa e abusa de fantasias em suas palavras".
Depois de um período em que ambos conviveram amistosamente com um objetivo, a parceria entre a deputada e o hacker desmoronou. Em meio ao rompimento, a defesa de Zambelli voltou a rechaçar acusações de 'condutas ilícitas e ou imorais' da deputada, negando seu envolvimento na trama. A defesa atribui ao hacker 'aleivosias e teratologias'.
"Suas versões mudam com os dias, suas distorções e invenções são recheadas de mentiras, bastando notar que a cada versão, ele modifica os fatos, o que é só mais um sintoma de que a sua palavra é totalmente despida de idoneidade e credibilidade", ressaltou em nota, o advogado Daniel Bialski, que representa a Zambelli.
Nesta quinta, 17, diante de deputados e senadores, 'Vermelho' implodiu a parceria com Zambelli e apontou para Bolsonaro. Ele revelou ter se reunido com o ex-presidente, de quem teria recebido a proposta para invadir as urnas eletrônicas. Segundo Delgatti, o ex-chefe do Executivo ofereceu um indulto para que o hacker promovesse o ataque.
Conforme o depoimento, Zambelli seria a ligação entre Bolsonaro e o hacker. Ela teria participado a reunião mencionada por Delgatti, no Palácio da Alvorada. Também teria mediado - ainda segundo a oitiva - uma ligação entre Bolsonaro e 'Vermelho' na qual o ex-chefe do Executivo teria teria dito que obteve um grampo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, mas que o hacker precisaria assumir a autoria do crime
Zambelli já havia sido implicada diretamente por Delgatti em depoimentos prestados pelo hacker à Polícia Federal. Nesta quarta, 16, ele disse que recebeu cerca de R$ 40 mil da deputada para invadir 'qualquer sistema do Judiciário'.
Antes, uma outra oitiva de 'Vermelho', no dia 27 de junho, colocou Zambelli como alvo principal da Operação 3FA. Delgatti foi preso preventivamente no bojo da ofensiva, aberta no início de agosto. Tanto ele como a deputada são investigados por suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com inserção de um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes.
De acordo com Delgatti, Zambelli teria lhe pedido que caso não conseguisse hackear as urnas, que obtivesse 'conversas comprometedoras' de Alexandre de Moraes. O hacker afirmou ainda que, assim que encontrou uma vulnerabilidade no sistema do CNJ, acionou a deputada, dizendo que conseguiria emitir um mandado de prisão em desfavor do ministro, como se fosse ele próprio fosse o autor do decreto.
Segundo 'Vermelho', Zambelli 'ficou empolgada', fez o texto e enviou para que ele publicasse. Walter Delgatti Neto sustentou ainda que foi pago para ficar à disposição da deputada.
COM A PALAVRA, A DEFESA DE ZAMBELLI
"A defesa da deputada Carla Zambelli novamente refuta e rechaça qualquer acusação de prática de condutas ilícitas e ou imorais pela parlamentar, inclusive, negando as aleivosias e teratologias mencionadas pelo senhor Walter Delgatti.
Observa-se que citada pessoa, como divulgado em diversas reportagens usa e abusa de fantasias em suas palavras. Suas versões mudam com os dias, suas distorções e invenções são recheadas de mentiras, bastando notar que a cada versão, ele modifica os fatos, o que é só mais um sintoma de que a sua palavra é totalmente despida de idoneidade e credibilidade.
Ademais, esclareça-se que a defesa ainda não teve acesso aos autos da investigação e assim que possível, se manifestará de forma mais ampla, justamente para desmerecer publicamente os embustes criados"