Embaixador do Brasil no Egito, Paulino Franco de Carvalho NetoPedro França/Agência Senado
Em entrevista à TV Brasil nesta segunda-feira (13), o diplomata relatou que o trabalho das autoridades brasileiras para conseguir repatriar o grupo de 32 pessoas da zona de guerra foi marcado por incertezas.
“Foi longo e demorado. Houve muitas incertezas e dúvidas, avanços e recuos. Nós não controlávamos as variáveis como o agravamento do conflito, os bombardeios em Gaza, as preocupações de segurança de todos os países envolvidos, seja Israel, seja o Egito. Então, tudo foi muito lento, impreciso e, ao mesmo tempo, requereu um grande esforço da diplomacia e do governo brasileiro.”
O embaixador Paulino destacou que foi necessária a intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, e do corpo diplomático tanto no Egito, como em Tel Aviv, em Israel, em Ramala, na Cisjordânia, além de Nova York, nos Estados Unidos, onde fica o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, que o Brasil presidiu ao longo do mês de outubro, quando os conflitos no Oriente Médio se acirraram.
“O resultado final foi muito positivo. Não foi um processo simples, isso está evidente para todos nós. Demorou não só para o Brasil, mas para outros países também. Alguns países nem conseguiram ainda tirar os nacionais da Faixa de Gaza”, destacou.
Segurança
Segundo Paulino Franco, a principal dificuldade para autorizar a saída de estrangeiros tinha relação com a segurança. Os países envolvidos queriam ter certeza que nenhuma dessas pessoas estava ligada a grupos militantes da Faixa de Gaza.
“Essas pessoas todas passaram pelo crivo de segurança para saber, em última instância, se elas tinham alguma vinculação com grupos militantes, considerados por alguns países como terroristas. Tudo isso fez com que esse processo tomasse tempo e envolvesse troca de informações entre esses governos e seus setores de segurança e de inteligência.”
Além das questões da segurança, outro fator que dificultou a saída dos brasileiros foi o agravamento do conflito que aumentou a tensão política e diplomática na região: “Isso fez com que os governos dos países da região ficassem muito cautelosos antes de tomar qualquer decisão que pudesse ter consequências inesperadas para eles. Acho que uma série de fatores explicam essa demora e esse processo mais lento com idas e vindas”.
Nova Lista
“Poderá haver, eventualmente, um grupo adicional. Mas essas pessoas desse grupo adicional ainda não manifestaram taxativamente o desejo de ir ou não para o Brasil. Até porque, por mais dramática que seja a situação em Gaza, eles têm a sua vida na região”, ponderou.
Paulino Franco comentou ainda sobre a mãe e a filha que desistiram, de última hora, de sair de Gaza. “Foram motivos pessoais de foro íntimo. Nós não entramos no mérito disso, nem caberia entrarmos, foi uma decisão pessoal delas. Com isso, o grupo passou de 34 para 32”, concluiu.
Angústia
A jornada de repatriação, marcada por momentos de tensão, angústia e terror, teve início no dia 7 de outubro, logo após o atentado do Hamas a Israel. Foram dias de espera aguardando a inclusão na lista de pessoas autorizadas a atravessar a passagem de Rafah, o que só ocorreu na sétima lista.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.