Segundo a polícia, corpo de vítima foi tirado com ajuda de carrinho de prédio em SPTV Globo
Ex-lutador que matou e levou corpo da mulher em carrinho de mercado é condenado a 14 anos de prisão
Ellida tinha 26 anos e foi assassinada com dois tiros na frente do filho de seis meses
O ex-lutador Luis Paulo Lima dos Santos, de 44 anos, foi condenado nesta terça-feira, 21, a 14 anos de prisão por assassinar a mulher, Ellida Tuane Ferreira da Silva Santos. Câmeras de segurança flagraram ele saindo do apartamento com o corpo da vítima em um carrinho de compras. Em seguida, jogou o corpo dela em um córrego na Zona Leste de São Paulo.
O crime aconteceu em novembro de 2022, no imóvel em que ele morava com a professora e o filho de seis meses. Ellida tinha 26 anos e foi morta com dois tiros na frente da criança. Os dois eram casados há um ano.
Luis foi julgado no Fórum Criminal da Barra Funda. Testemunhas da acusação e da defesa também foram ouvidas. Durante o julgamento, ele confessou o crime e alegou legítima defesa. O ex-lutador não poderá recorrer em liberdade.
Crime
A câmera de segurança na entrada do elevador registrou, no dia 4, a última imagem da professora ainda com vida. Por volta das 21h30, ela chegou ao prédio na Vila Matilde, Zona Leste da capital paulista, e subiu para o apartamento. No dia seguinte, um pouco antes das 21h, as imagens mostram o marido da vítima no saguão, com um carrinho de compras vazio. Quatro minutos depois, o ex-lutador entra no elevador, ainda puxando o carrinho e com lençóis.
De acordo com as investigações, nesse momento, ele já estava com o corpo de Ellida envolvido nos lençóis. Luis Paulo, então, foi para a garagem do prédio e deixou o que seria o corpo no carro. Ele esperou algumas horas e, só saiu do prédio na madrugada do dia seguinte. Quatro horas depois, voltou para o apartamento, com o filho de seis meses do casal.
O ex-lutador ainda tentou esconder a autoria do crime. Ele fez o registro do desaparecimento quase no mesmo momento que a polícia encontrou o corpo da professora envolvido em um saco plástico à beira de um córrego, em Itaquera, também na Zona Leste da cidade.
No boletim de ocorrência, ele afirmou que a mulher havia viajado: "Ela saiu com destino a Campinas, enviou a última mensagem às 19h51 dizendo que estava somente com 5% de bateria. Às 22h39 enviei mensagem novamente e não foi visualizada e ligações encaminhadas direto para a caixa postal. Em contato com a minha cunhada e a mãe da desaparecida informaram que ela não chegou em suas casas em Campinas".
O suspeito também declarou que tentou procurar a esposa, indo "até Campinas, à rodoviária, à delegacia e ao hospital procurando informações e não conseguiu". Os vizinhos do prédio contaram aos investigadores que ouviram barulhos de tiros no dia do crime, mas nenhum deles chegou a chamar a polícia.
Assassino almoçou na casa da sogra após o crime
O ex-lutador foi até Campinas, no interior do estado, para almoçar com a família da vítima após matá-la na frente do filho. Em entrevista ao "G1", o irmão da vítima, Valdir Lima contou que o cunhado conversou com a família de Ellida dizendo que ela havia ido para o interior, sem o bebê, para "fazer uma surpresa" e que o celular dela estaria apenas com 5% de bateria — mesma versão que contou para a polícia.
"Falou que ela tinha pegado um ônibus e ido para Campinas. A gente começou a desconfiar porque ela não deixaria o bebê ainda amamentando em casa. (Ele) premeditou o crime e chegou na casa da minha madrasta se passando de preocupado com o sumiço dela. Tinha feito tudo já", disse na época.
Valdir também afirmou que não conseguiu dormir e comentou com a esposa que a irmã já poderia estar morta. "Liguei para ele (Luis) quando acharam o corpo e foi totalmente frio. Falou: 'Valdir, tudo bem?' Eu: 'Não está nada bem'. Ainda disse, tranquilo: 'Cara, é ela mesmo'. Nem ao IML ele apareceu. Quando eu juntei as peças, eu falei para minha família toda: 'Foi ele que matou'.
Ainda de acordo com o irmão da professora, nos últimos meses, a vítima havia mudado o comportamento. A jovem alegre estava fria e não conversava mais como antes.
"Estava fria. Ela não era daquele jeito. Fazia videochamada direto, e a gente brincava antes. Ultimamente estava sumida, não era mais a mesma", lamentou.
Luis foi preso pela Polícia Civil cinco dias depois do assassinato após confessar que matou a mulher. Segundo a corporação, ele é dono de uma academia e ex-lutador profissional. O empresário foi indiciado por feminicídio e ocultação de cadáver.
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