Alexandre Ramagem Reprodução: Estadão Conteúdo

A Polícia Federa (PF) intimou o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atual deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) a esclarecer nesta quinta-feira, 25, sobre uma suposta espionagem ilegal feita enquanto esteve à frente do órgão durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).
O parlamentar foi alvo de uma operação da PF nesta manhã que apura possível organização criminosa que teria se instalado na Abin para monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas.
O deputado  comandou a agência no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que o escolheu para ser o candidato do partido à prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições municipais deste ano.
A investigação da PF aponta uma invasão clandestina da rede de infraestrutura de telefonia do país e o uso de técnicas próprias de investigação policial sem a devida autorização judicial.
Segundo a PF, durante a primeira operação, em outubro de 2023, a Abin fez 33 mil monitoramentos ilegais durante o governo Bolsonaro. Do total, 1,8 mil foram destinados à espionagem de políticos, jornalistas, advogados, ministros do STF e adversários da gestão do ex-presidente.

Ainda de acordo com a corporação, havia tentativa de relacionar os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes a uma facção criminosa com o intuito de difundir notícias falsas.

No caso de Camilo Santana, policiais flagraram integrantes da Abin operando drones que sobrevoaram a residência oficial do atual ministro em Fortaleza. A agência chegou a instaurar um processo administrativo contra dois servidores, mas o caso foi arquivado.

A investigação também indica que o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia estaria entre as autoridades espionadas ilegalmente. As informações são do jornal "O Globo".
As diligências de busca e apreensão da operação desta manhã foram realizadas em Brasília (DF), Juiz de Fora (MG), São João Del Rei (MG) e Rio de Janeiro (RJ). Além dele, outros sete policiais federais e três servidores da Abin são alvos da ação. 
Buscas feitas em computadores e celulares da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ainda em outubro de 2023 levaram a Polícia Federal (PF) a indícios suficientes para embasar as buscas desta quinta-feira,
De acordo com os investigadores que acompanham o inquérito, a PF recolheu dados dos telefones funcionais de servidores e de computadores da agência. Essas informações apontam Ramagem como o responsável por autorizar a espionagem ilegal de autoridades
Procurado pela reportagem, o deputado ainda não se manifestou sobre o caso.
Software espião
O FirstMile permite o monitoramento de até 10 mil celulares a cada 12 meses, bastando digitar o número da pessoa. Além disso, a aplicação cria históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.
De acordo com as investigações, o sistema de geolocalização usado pela Abin é um software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira. A rede de telefonia teria sido invadida diversas vezes com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos.