Deputado Delegado Da Cunha e nutricionista Betina tinham união estável Reprodução

Um vídeo inédito, gravado pela nutricionista Betina Raísa Grusiecki Marques, de 28 anos, ex-companheira do deputado federal Carlos Alberto da Cunha (PP-SP), mostra o parlamentar insultando e ameaçando a ex-mulher. A gravação foi divulgada neste domingo, 17, pelo programa 'Fantástico' da TV Globo e nele é possível ouvir o político dizendo para ela: "Vou encher sua cara de tiro".
Da Cunha foi eleito em 2022 pelo estado de São Paulo com 181,5 mil votos. Ele ganhou popularidade nas redes sociais após produzir vídeos em operações policiais enquanto atuava como delegado. É acusado, no entanto, de inventar prisões e simular ações.
O parlamentar virou réu em 2023 após ser acusado por Betina de agressão. À Justiça, a nutricionista disse que Da Cunha bateu a cabeça dela na parede duas vezes. Betina relatou que foi enforcada e chegou a desmaiar devido aos ataques.
As agressões teriam ocorrido no dia 14 de outubro do ano passado. Os relatos constam no boletim de ocorrência feito na Delegacia da Mulher de Santos, em São Paulo. Na delegacia, ela pediu que fossem adotadas medidas protetivas para que o deputado fosse mantido afastado dela.
Na data, era aniversário do deputado. Ele passou o dia fora comemorando com os filhos dele. Segundo Betina, o parlamentar voltou para o apartamento onde o casal vivia alcoolizado. O vídeo divulgado no domingo, mostra o que aconteceu dentro do imóvel. 
Na gravação é possível ouvir o congressista insultando a então companheira e dizendo que iria matá-la. Em alguns momentos, dá para ver o rosto de Betina, mas a maior parte do vídeo só tem áudio.
Da Cunha debocha da nutricionista: "Vai correndo para casa da mamãezinha". Que responde: "Não. Não vou para casa da mamãe". Em seguida o parlamentar ameaça: "Pode parar. Pode parar, senão vou te matar aqui". Betina: "Vai me matar?". Da Cunha confirma: "Matar".

Após esse momento, é possível ouvir a respiração ofegante da nutricionista. Logo depois, ele xinga a ex-companheira e ameaça atirar contra ela. "(…) Sua vaca, vou encher sua cara de tiro", afirma o político. Betina então grita: "Me solta. Chama a polícia. Chama a polícia! Sai".

Betina ainda conta que chamou os filhos do deputado. No vídeo, o rosto do parlamentar aparece de relance. Ele mexe na mochila em que está o celular fazendo a gravação. À Justiça o deputado disse que tentou impedir que ela colocasse a maquiagem na mala.
Além disso, negou os outros golpes, mas o Instituto Médico Legal (IML) atestou que Betina tinha escoriações no couro cabeludo e lesões corporais leves.

Da Cunha registrou boletim de ocorrência afirmando que era ele o agredido, por causa do ferimento com um secador. O Ministério Público (MP) concluiu que a nutricionista agiu em legítima defesa. O parlamentar ainda tentou dar razões psicológicas e, também, espirituais para o que aconteceu.

Depois da agressão, Betina foi para a casa do pai. O deputado colocou roupas danificadas em um saco de lixo e mandou para a ex-mulher. Ele afirma que também enviou R$ 5 mil a ela.

A mãe da nutricionista contou que o deputado ligava para ela na tentativa de propor um acordo. À Justiça concedeu medidas protetivas a Betina e aos pais dela e determinou que o parlamentar entregasse suas armas.
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O ex-casal se conheceu em 2020. Eles moravam juntos e não tiveram filhos. Betina relatou à Justiça como era tratada no decorrer do relacionamento, que durou três anos. Ela destacou episódios de agressão verbal e física. Os dois discutiam com frequência. E o congressista chegou a agredir a ex-companheira diversas vezes, segundo Betina.
A ex-mulher do deputado, a advogada Camila Rezende da Cunha, mãe dos filhos de Da Cunha, também já o acusou de violência doméstica, mas ela se disse arrependida, ao jornal "Folha de S.Paulo", de ter registrado o boletim de ocorrência.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), o delegado da Cunha está regularmente afastado para exercer a atividade parlamentar e responde a cinco procedimentos na Corregedoria, ainda sem decisão definitiva.
Já a defesa do parlamentar afirmou ao Fantástico que solicitará análise técnica do material. "Eu vou pedir a submissão desse vídeo a uma perícia. Porque esse vídeo não foi periciado (…) Não estou falando que é inverídico, mas não passou pelo crivo do Instituto de Criminalística, não foi submetido a uma perícia oficial", ressalta Eugenio Malavasi.
"Dentro de um contexto. Se ele disse isso, foi dentro de um contexto de cólera, dentro de um contexto de briga. Nós somos homens. Quando digo homens, seres humanos. Seres humanos têm discussões de casais. Um fato isolado na vida do deputado não pode estar embrionariamente ligado com exercício do mandato de deputado federal, do deputado delegado da Cunha", conclui o advogado.