Presidente Luiz Inácio Lula da SilvaAFP
Reuniões ministeriais são tidas como "freios de arrumação" para o presidente alinhar seus ministros em torno dos discursos e prioridades da gestão. Os 38 ministros são convocados, e outras autoridades como líderes do governo no Legislativo também costumam participar. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por exemplo, desmarcou a viagem que faria à Alemanha a partir de ontem para participar da reunião.
No ano passado, Lula realizou quatro reuniões com os chefes das pastas para dar recados aos ministros. Em março de 2023, por exemplo, o chefe do Executivo deu uma bronca nos auxiliares por anunciarem propostas sem o aval da Casa Civil. Os encontros são fechados, mas normalmente há divulgação da fala inicial do presidente.
A primeira reunião de 2024 é em um momento de preparação para as eleições municipais. Lula precisa reverter sua queda de popularidade para ter mais condições de impulsionar aliados nas disputas pelas prefeituras. Pesquisa Quaest mostrou que a avaliação positiva do governo, que havia chegado a 42% em agosto de 2023, ficou em 35% em fevereiro deste ano. No mesmo período, as avaliações negativas passaram de 24% para 34%.
O chefe do Executivo planeja visitar todos os estados neste ano como forma de melhorar a imagem do governo. Nas viagens, a orientação do presidente é que ministros o acompanhem e promovam agendas positivas nos estados. Para isso, é necessário um alinhamento do discurso do governo federal.
Conforme mostrou o Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a articulação política do governo federal elencou 48 projetos prioritários da gestão Lula 3 para 2024. Dentre eles, 32 apresentam viés econômico.
Algumas dessas propostas têm conteúdo arrecadatório e são parte do esforço de Haddad para manter a meta fiscal. Nessa linha, a lista inclui projetos como a reoneração da folha de pagamento de 17 setores e a regularização de ativos mantidos no exterior. O documento apresenta também grande peso nas medidas voltadas ao acesso a crédito e à política industrial. Em reuniões como a de hoje, os ministros costumam defender o orçamento de suas pastas e pedir prioridade em suas pautas.
O encontro também acontece dias depois da crise sobre dividendos da Petrobras que culminou na redução do valor de mercado da estatal. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ficaram em lados opostos na discussão.
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