Presidente da República, Luiz Inácio Lula da SilvaFabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Lula elogia candidatura única da oposição contra Maduro e diz que não leu carta de Milei
'Quem ganhou toma posse e governa e quem perdeu se prepara para outras eleições', afirma presidente sobre disputa na Venezuela
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, dia 23, que foi "extraordinária" a decisão da oposição da Venezuela de se unir em torno de um candidato único contra o ditador Nicolás Maduro, de quem o petista é aliado.
A Plataforma Democrática Unitária anunciou que apoiará a candidatura do diplomata Edmundo González Urrutia, depois que o regime chavista impediu o registro das candidatas Corina Yoris e Maria Corina Machado.
"A questão da Venezuela, está acontecendo uma coisa extraordinária, a oposição toda se reuniu, está lançando candidato único e vai ter eleições", disse Lula, em café da manhã com jornalistas.
O presidente defendeu a normalização política na Venezuela e reafirmou o interesse do Brasil de acompanhar as eleições presidenciais de 28 de julho. Segundo Lula, há muito interesse no exterior para monitorar a realização das eleições.
"Se o Brasil for convidado participará do acompanhamento das eleições na perspectiva de que quando terminar essas eleições as pessoas voltem à normalidade. Quem ganhou toma posse e governa e quem perdeu se prepara para outras eleições, como eu me preparei depois de três derrotas no Brasil. Fico torcendo para que a Venezuela volte à normalidade, que os EUA retirem as sanções e a Venezuela possa voltar a receber de volta o povo que está deixando a Venezuela pela situação econômica", disse Lula.
O presidente não comentou sobre a proposta apresentada a ele na semana passada em Bogotá, pelo presidente colombiano Gustavo Petro, de que as forças políticas venezuelanas realizem um plebiscito e formalizem um acordo de garantias democráticas, contra perseguição política após o pleito em Caracas. O Brasil endossou em nota a proposta de Petro. Também aliado de Maduro, ele afirmou que é preciso garantir a vida, a segurança e os direitos políticos de quem sair derrotado.
Semanas antes, Lula e Petro, em gesto inédito, criticaram a proibição do registro de candidatas das opositoras pelo chavismo Lula disse que o bloqueio era "grave" e afirmou que não havia explicação razoável por parte do governo venezuelano. Petro falou em "golpe antidemocrático".
Argentina
Uma semana depois de receber nova carta do presidente da Argentina, Javier Milei, o petista afirmou que não tomou conhecimento do conteúdo ainda. A carta foi entregue pela chanceler Diana Mondino, primeira representante de Milei a realizar visita oficial a Brasília, ao ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores). "Meu chanceler viajou e ainda não vi a carta", afirmou Lula. "Não sei o que o Milei está dizendo na carta."
O presidente disse que, após ler o conteúdo, tem interesse em divulgar o que o presidente da Argentina quer conversar com o Brasil.
Lula e Milei são rivais ideológicos e acumularam um histórico de ofensas e provocações no ano passado, que agora as burocracias diplomáticas tentam amenizar, em prol de um relacionamento mais pragmático, como mostrou o Estadão.
Em cartas anteriores, Milei já falou em se reunir com Lula - algo que rechaçava em campanha eleitoral -, mas a data de um encontro segue em aberto. Milei é visto com desconfiança no Palácio do Planalto, e conselheiros de Lula afirmam que ele deve desculpas ao petista em público.
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