Aeroporto de Porto Alegre está sem operações devido ao nível da águaReprodução / Internet

A cheia do Rio Guaíba que inunda Porto Alegre ainda deverá levar dias para retornar a patamares seguros. Embora tenha evitado um desastre maior, o sistema antienchente da capital gaúcha está em seu limite e, em alguns pontos, já não contém as águas do rio. Até o momento, o estado do Rio Grande do Sul já contabiliza 78 mortes, além de mais de 115 mil pessoas desalojadas, em decorrência das chuvas.

Na cidade, 70% estão sem abastecimento de água devido à paralisação de quatro de suas seis estações de tratamento e há vários pontos de interrupção de energia. O Aeroporto Salgado Filho está fechado, e muitos acessos terrestres estão bloqueados. Vários bairros foram evacuados, assim como o Hospital Mãe de Deus, na zona sul. Equipes do poder público e voluntários se organizam em barcos e até jet skis para resgates de pessoas ilhadas, muitas sobre telhados. "Estão faltando botes, estão faltando coletes", disse o prefeito Sebastião Melo (MDB).

O Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) disse que há previsão de "cheia duradoura, com a estabilização dos níveis d'água elevados no Guaíba em torno de 5 m a 5,5 m durante mais de quatro dias", mesmo que não persistam os temporais. A cota de inundação para o rio é de 3 m. Até este mês, a maior marca era de 4,76 m, na cheia histórica de 1941.

O prefeito de Porto Alegre sugeriu neste domingo, 5, que moradores que tenham casa no litoral deixem a capital em direção às praias, que não foram tão afetadas pelas chuvas quanto a região central do Estado. "Nós precisamos esvaziar o máximo possível, reduzir a circulação em Porto Alegre", afirmou, ressaltando que não se trata de evacuação da cidade. Porto Alegre está com 58 espaços de acolhimento. São 6 mil abrigados. O aeroporto Salgado Filho está previsto para reabrir entre 9 e 10 de maio, diz o prefeito.

Na manhã de domingo, a Arena do Grêmio, que está inundada, foi alvo de saques. Vídeos nas redes sociais mostram a loja Grêmio Mania, na Esplanada do estádio, invadida um grupo de pessoas. Segundo o clube, "ainda não há como mensurar o prejuízo".
Ajuda federal
Na última sexta-feira (3), o governo federal enviou 100 integrantes da Força Nacional para o RS. A tropa federal ajudará nas operações de salvamento e resgate das pessoas atingidas pelas enchentes no estado.

Dos 100 enviados para a região, 60 deles são bombeiros para auxiliar na resposta ao desastre causado pelos temporais no estado. Também serão deslocados para o estado 25 caminhonetes, dois ônibus, um caminhão e três botes de resgate. São 36 policiais federais que estão envolvidos diretamente nos trabalhos.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) mobilizou 75 agentes para as operações de salvamento e resgate das pessoas atingidas pelas enchentes, além de sete especialistas em resgate.
Doações
Diante da situação de calamidade pública enfrentada no Estado, o governo gaúcho reativou o canal de doações para a conta "SOS Rio Grande do Sul" para receber doações via Pix que serão revertidas a donativos para as vítimas.
O Governo do Rio Grande do Sul e a Defesa Civil divulgaram duas maneiras de receber as doações:
- Centro Logístico da Defesa Civil Estadual
- Endereço: avenida Joaquim Porto Villanova, 101, bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre
- Telefone: (51) 3210 4255
Pix para a conta SOS Rio Grande do Sul
- Chave - CNPJ: 92.958.800/0001-38
- Banco do Estado do Rio Grande do Sul
Atenção: quando realizar a operação, é necessário confirmar que o nome da conta que aparece é "SOS Rio Grande do Sul" e que o banco é o Banrisul.
A gestão e fiscalização dos recursos ficarão a cargo de um Comitê Gestor, presidido pela Secretaria da Casa Civil e composto por representantes de órgãos do governo e entidades sociais. Os recursos serão integralmente revertidos para o apoio humanitário às vítimas das enchentes e para a reconstrução da infraestrutura das cidades.