Um novo capítulo agitou a corrida eleitoral para a Prefeitura de São Paulo com a confirmação pela Secretaria de Segurança Pública da existência de um boletim de ocorrência por violência doméstica envolvendo Ricardo Nunes (MDB) e sua esposa, Regina Carnovale Nunes, datado de 2011. A revelação surgiu durante uma sabatina realizada pela Folha de São Paulo em parceria com o portal Uol nesta segunda-feira (15), na qual o atual prefeito se defendeu das acusações, alegando que o boletim foi "forjado".
Durante o debate, a repórter Raquel Landim questionou o prefeito sobre a ocorrência. "O senhor agrediu verbalmente e fez ameaças à sua esposa?", perguntou.
Visivelmente irritado, Ricardo Nunes se disse indignado com a pergunta: "Raquel, primeiro eu queria te colocar com muito respeito a minha indignação por esse tipo de colocação, mas com muito respeito, você sabe o tanto que eu sou respeitoso.
A jornalista respondeu ao prefeito. "Não, é uma pergunta, não é uma colocação minha. Estou abrindo a oportunidade do senhor para falar disso", disse.
O prefeito classificou o debate como uma "irresponsabildiade" e negou veementemente as acusações:
"A Regina já falou que ela não fez. Ela contratou um advogado. Eu até separei o material para te entregar. Posso pegar? Depois de instar, não tem problema, prefeito. A Regina contratou um advogado. O advogado entrou com uma petição, falando que queria, então, esse boletim de ocorrência assinado."
Diante do embate, Ricardo Nunes argumentou o tempo em que está casado com Regina e criticou o fato das jornalistas levarem o tema à sabatina: "São 27 anos. 27 anos. Eu tenho três filhos, eu tenho um neto, sabe? Usar um negócio desse é algo, é repudiante, uma coisa dessa", argumentou.
A discussão prosseguiu com trocas acaloradas de argumentos e acusações, com o prefeito insistindo que o boletim de ocorrência era falso: "É óbvio que é forjado. Eu vou te entregar um documento aonde a minha esposa, Regina, contratou um advogado. Ele peticionou na delegacia para poder pegar o documento e fazer um exame grafotécnico."
A repórter Carolina Linhares então fala que a mulher do prefeito havia confirmado de próprio punho à Folha de São Paulo que havia feito o boletim de ocorrência. "Ela falou para Folha de São Paulo em uma nota assinada de próprio punho em 15 de outubro de 2020. Sobre o boletim, ela afirmou 'eu estava num momento difícil, muito sensível, e acabei dizendo coisas que não são reais'. Ela não disse que ela não fez boletim, ela confirma que ela fez boletim", rebateu.
Em seguida, Nunes lembrou a origem humilde da mulher e falou que a oposição usou o tema de forma "covarde".
A mediadora Fabíola Cidral então argumenta que não se tratava de um debate entre lados e que o prefeito deveria "se preparar para isso". "Aqui somos entrevistadores, estamos fazendo perguntas sobre dúvidas pertinentes que a população tem e dando direito para o senhor falar. Fabiola segue. Eu acho que só é importante isso aqui. É uma questão que vai aparecer novamente. A gente tem que se preparar a isso", concluiu.
Secretaria confirma boletim
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo confirmou o registro. Veja na íntegra.
"A Polícia Civil destaca que os boletins de ocorrência registrados, seja via internet ou em delegacias físicas, são submetidos a diversos procedimentos que garantam sua legitimidade. O caso em questão foi registrado pela 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, em fevereiro de 2011. Na ocasião, a vítima compareceu na unidade especializada para comunicar os fatos e a ocorrência foi encaminhada à Delegacia de Embu Guaçu, responsável pela área dos fatos."
A pasta, no entanto, destacou que a vítima não abriu queixa. "Contudo, havia necessidade de representação contra o autor, o que a vítima não fez", afirmou.
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