O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou nesta segunda-feira, 12, a morte do ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento e ex-deputado federal Antônio Delfim Netto.
"Durante 30 anos eu fiz críticas ao Delfim Netto. Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos. Delfim participou muito da elaboração das políticas econômicas daquele período. Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes", afirmou.
"Em um curto espaço de tempo, o Brasil perdeu duas referências do debate econômico no país: Delfim Netto e Maria da Conceição Tavares. Fica o legado do trabalho e pensamento dos dois, divergentes, mas ambos de grande inteligência e erudição, para ser debatido pelas futuras gerações de economistas e homens públicos. Meus sentimentos aos familiares, amigos e alunos de Delfim Netto", concluiu Lula em nota.
O governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também se manifestou e agradeceu "a toda a sua contribuição para a vida dos brasileiros".
"Tenho profunda admiração pela genialidade e sensatez das suas contribuições para o Brasil. Poucos sabem, mas Delfim Netto foi um dos incentivadores da minha candidatura ao governo de São Paulo. Serei eternamente grato pelos seus conselhos. Meus sentimentos à sua família, com a certeza de que descansa em paz", publicou.
Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), emitiu uma nota de pesar.
"Fomos deputados no mesmo período histórico e estivemos na Comissão de Economia, espaço público em que havia um debate qualificado sobre as políticas de desenvolvimento nacional. Apesar das divergências políticas e no próprio debate econômico, que tivemos ao longo da vida, Delfim Netto sempre teve compromisso com a produção e com o crescimento da economia. Mesmo tendo sido um ministro destacado do regime militar — liderou o chamado 'milagre brasileiro' —, Delfim apoiou o governo Lula em momentos importantes e desafiadores. (...) Neste momento de tristeza, manifesto meus sentimentos de pesar para todos amigos e familiares de Delfim, especialmente filha e neto", declarou em um trecho do texto.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ressaltou a trajetória do político: "Presto minhas condolências aos familiares e amigos. (...) Profundo conhecedor das ciências econômicas, ocupou papel altivo na história do Brasil desde 1967, quando se tornou, aos 38 anos, o mais jovem ministro do país", publicou.
Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) chamou a atenção para o legado intelectual deixado por Delfim.
"(...) Compartilhou seu vasto conhecimento e publicou diversos livros e artigos sobre a economia brasileira, muitos dos quais inspiraram o desenvolvimento institucional do TCU. "Em 2011, o Tribunal de Contas da União reconheceu sua dedicação à transparência e à eficiência na administração pública ao agraciá-lo com o Grande Colar do Mérito. Sua sólida ligação com nossa Corte é lembrada com respeito e gratidão", pontuou.
Renato Casagrande, governador do Espírito Santo, publicou: "Hoje nos despedimos do ex-ministro da Fazenda, Antônio Delfim Netto, uma das figuras mais importantes da história do Brasil. Suas formulações econômicas foram sempre muito relevantes e consideradas. Meus sentimentos aos seus familiares e amigos".
Já Baleia Rossi (MDB-SP), deputado federal e presidente nacional do MDB, escreveu: "Meus sentimentos aos familiares e amigos do ex-ministro Delfim Netto, com quem tive a oportunidade de me encontrar no início da discussão sobre a PEC 45 da Reforma Tributária em 2019".
O Diretório Nacional do PSDB declarou: "Teve longa e profícua carreira acadêmica como economista e professor e serviu ao povo de SP por 20 anos como deputado e ao Brasil como ministro. Nossos sentimentos a familiares e amigos".
A senadora e ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina (PP-MS), falou sobre a contribuição de Delfim para o crescimento do setor.
"Sua trajetória se confunde com a história do Brasil, tendo sido protagonista e testemunha de fatos fundamentais para o desenvolvimento do nosso país. Ele foi também ministro da Agricultura e contribuiu, com seu brilhantismo, para o crescimento do setor", escreveu.
Mauricio Neves (PP-SP), deputado federal e presidente estadual do partido, relembrou da participação do político no Partido Progressista.
"Meus sentimentos aos familiares do ex-deputado federal, ministro da fazenda, agricultura e do planejamento, Antônio Delfim Neto. Ele foi filiado ao Progressistas e deixou um grande legado ao Brasil", disse.
O economista estava internado no hospital israelita Albert Einstein desde a última segunda-feira (5). Ele morreu na manhã desta segunda por complicações no quadro de saúde. O velório e o enterro de Delfim Netto serão restritos aos familiares.
Delfim foi ministro do regime militar nos governos dos generais Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici e João Baptista Figueiredo e deputado federal, mas também um dos principais conselheiros de presidentes petistas e de empresários.
Nas eleições de 1998, como membro do PPB de Paulo Maluf, Delfim Netto disse que Lula não devia ser "satanizado". No pleito seguinte, em 2002, elogiou a Carta ao Povo Brasileiro, mas só quando o sindicalista passou para o segundo turno com José Serra, Delfim Netto manifestou seu apoio, em uma entrevista publicada no site de Lula.
No governo petista, teve um assento no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, indicou pessoas próximas para cargos em estatais, foi conselheiro da Empresa Brasil de Comunicação e cogitado diversas vezes para ser ministro. Em 2009, declarou que "Lula salvou o capitalismo brasileiro".
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