Doenças reumáticas atingem mais de 15 milhões de brasileirosPixabay

As doenças reumáticas, que afetam mais de 15 milhões de brasileiros, vão muito além das dores nas articulações que costumamos associar à velhice. Com mais de 100 tipos diferentes, essas condições comprometem o aparelho locomotor e, em alguns casos, órgãos vitais como rins, coração e pulmões.

A Sociedade Brasileira de Reumatologia, que divulgou o número, alerta para a importância de um diagnóstico precoce, já que a demora no tratamento pode agravar os sintomas e complicações. Engana-se quem pensa que essas doenças são exclusividade dos idosos, pessoas de todas as idades podem ser afetadas.
O termo "reumatismo" é usado popularmente para se referir a várias condições que afetam o sistema musculoesquelético, especialmente as articulações, músculos e ossos. Segundo a presidente da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro, Carla Dionello, as áreas mais comumente afetadas pelo reumatismo incluem as articulações, as juntas. No entanto, diferentes tipos de doenças reumáticas podem afetar diferentes partes do corpo, incluindo órgãos internos, por serem essas doenças autoimunes.

"Não há uma resposta única para qual é o ‘pior’ tipo de reumatismo, pois isso depende da perspectiva de quem sofre da doença e da gravidade dos sintomas. Por exemplo, a artrite reumatoide é uma doença autoimune que pode causar inflamação severa nas articulações, levando à dor intensa e, em casos graves, à deformidade. Já o lúpus eritematoso sistêmico pode afetar múltiplos órgãos, incluindo rins, coração e pulmões, tornando-o potencialmente mais grave em alguns casos. Existem mais de 150 tipos de doenças reumáticas, variando desde condições relativamente comuns, como a osteoartrite (desgaste das articulações), até doenças raras, como a esclerose sistêmica e as vasculites, que causa endurecimento da pele e de outros tecidos", explica.

Alguns exemplos de doenças reumáticas mais conhecidas estão:
- Artrite Reumatoide: Uma doença autoimune que causa inflamação crônica das articulações, levando a dor, inchaço e deformidades se não adequadamente tratada.
- Osteoartrite: Também conhecida como artrose, é uma condição degenerativa que ocorre devido ao desgaste das articulações, resultando em dor e rigidez se não adequadamente tratada.
- Lúpus Eritematoso Sistêmico: Uma doença autoimune que pode afetar várias partes do corpo, incluindo pele, articulações, rins, coração, sistema nervoso e pulmões.
- Espondiloartrites, incluindo a antigamente chamada Espondilite Anquilosante: Uma doença inflamatória que afeta principalmente a coluna vertebral, podendo causar fusão das vértebras e redução da mobilidade.
- Gota: Uma forma de artrite causada pelo acúmulo de cristais de ácido úrico nas articulações, provocando ataques súbitos de dor intensa e se não tratada corretamente deformidades.
- Fibromialgia: Uma condição caracterizada por dor muscular generalizada, fadiga e outros sintomas como distúrbios do sono e problemas de memória.

As doenças reumáticas são diagnosticadas primordialmente pela história clínica do paciente e por exame físico. Não existe um único exame de sangue que possa diagnosticar todas as doenças reumáticas, pois elas são muito variadas tanto em apresentação quanto evolução. No entanto, alguns exames de sangue podem ajudar no diagnóstico de doenças específicas, como os marcadores de inflamação e anticorpos específicos dessas doenças; além dos exames de imagem.

Carla Dionello diz que a grande maioria das doenças reumáticas não têm cura, mas isso não significa que as pessoas não possam ter uma boa qualidade de vida.
"O objetivo do tratamento é controlar os sintomas, reduzir a inflamação, prevenir danos nas articulações e órgãos, e manter a mobilidade e a função. Por exemplo, com o tratamento adequado, muitas pessoas conseguem controlar os sintomas e evitar a progressão da doença. O manejo dessas condições geralmente envolve uma combinação de medicamentos, fisioterapia, exercícios físicos, psicoterapia e melhora da nutrição. Além disso, é importante que o tratamento seja personalizado, considerando as necessidades e respostas de cada paciente, pois os casos não são iguais nem uniformes", diz.

Dionello esclarece que é comum que pessoas com doenças reumáticas sintam mais dor ou rigidez durante os meses frios ou em condições de tempo úmido.
"Embora o frio em si não cause as doenças reumáticas, ele pode agravar os sintomas em algumas pessoas. Isso pode ocorrer porque o frio faz com que os músculos e articulações fiquem mais rígidos, o que pode aumentar a dor e dificultar o movimento. Além disso, o clima frio pode afetar o fluxo sanguíneo, o que pode piorar os sintomas para algumas pessoas. No entanto, as respostas ao clima podem variar de pessoa para pessoa, e algumas podem não sentir nenhuma diferença. Fundamental praticar exercícios físicos de leve a moderados para melhorar esses sintomas".

Já que a maioria das doenças reumáticas não têm cura, existe pelo menos remédio? Carla Dionello diz que sim, há uma variedade de medicamentos disponíveis para tratar as doenças reumáticas. "O tratamento geralmente é ajustado às necessidades específicas de cada paciente", afirma. Eles podem incluir:
- Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): Para aliviar a dor e reduzir a inflamação.
- Corticoides: Anti-inflamatórios potentes usados em casos mais graves para controlar a inflamação rapidamente.
- Medicamentos modificadores da doença (DMARDs): Incluem medicamentos como metotrexato, que podem retardar a progressão de doenças autoimunes como a artrite reumatoide.
- Imunossupressores: Utilizados para reduzir a atividade do sistema imunológico em doenças autoimunes, como o lúpus.
- Imunobiológicos: Novos medicamentos que visam componentes específicos do sistema imunológico e são usados em doenças reumáticas.
- Analgésicos: Para o controle da dor.