Lula afirmou que devolução do manto é o reconhecimento de um direito do poco tupinambáReginaldo Pimenta/Agência O Dia
"O retorno do manto sagrado Tupinambá, até agora parte do acervo do museu Nacional do Dinamarca, é uma marca do começo de una nova história de conquistas dos povos indígenas", afirmou Lula em um evento na Quinta da Boa Vista.
Confeccionado com penas vermelhas da ave guará sobre uma base de algodão de quase 1,80 metros de comprimento, o manto voltou ao Rio no início de julho e se encontra na biblioteca do Museu Nacional. A exuberante peça estava na Dinamarca desde 1689.
"O reconhecimento e o respeito aos direitos dos povos originários são prioridade do meu governo", enfatizou o presidente.
Os indígenas também reivindicaram o retorno do manto, antigamente usado em cerimônias tradicionais, para sua "aldeia".
"Finalmente retornou à sua origem, o Brasil, porém estruturas do poder não permitem que regresse aos verdadeiros donos", disse Yakui Tupinambá.
Lula afirmou ter "a obrigação e o compromisso histórico de construir na Bahia um lugar" apropriado para a exibição da peça.
A devolução do manto, cuja maneira como saiu do Brasil é desconhecida, se deve às gestões diplomáticas do governo Lula, que a classifica como um processo de "restituição histórica".
Demarcação de terras
Os tupinambá reivindicam a delimitação de pouco mais de 47 mil hectares onde habitam cerca de 8 mil famílias, cujo sustento é a pesca e a agricultura. O território, segundo eles, está sendo devastado pela "mineração" e pelo "agronegócio".
Os povos nativos – 1,7 milhão dos mais de 203 milhões de habitantes do Brasil – lutam pelo reconhecimento de suas terras em meio ao avanço parlamentar de medidas para limitar seus espaços ancestrais.
Lula responsabilizou o Congresso, de maioria conservadora, por atrasar o processo de demarcação.
"A maioria dos congressistas não tem compromisso com os povos indígenas, os compromissos deles som com grandes fazendas e grandes proprietários", criticou.
Lula sucedeu Jair Bolsonaro no poder em janeiro de 2023, que cumpriu sua promessa de não ceder "nem um centímetro" aos povos originários durante seus quatro anos de mandato.
Segundo o governo Lula, no último ano foram reconhecidos dez territórios indígenas.
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