Carta assinada em favor do candidato do PSOL defende o chamado voto útilReprodução/Rede TV

São Paulo, 02 - Intelectuais, ex-ministros e artistas assinaram manifestos em apoio aos candidatos à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) e colocaram as duas campanhas em rota de colisão. Esses movimentos de agora remetem a uma mobilização formada no pleito presidencial de 2022 contra a reeleição de Jair Bolsonaro (PL).
A carta assinada em favor do candidato do PSOL defende o chamado voto útil, convocando "todas as pessoas comprometidas com a democracia e o futuro da República" para impedir que "dois candidatos do campo bolsonarista" - o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o influenciador Pablo Marçal (PRTB) - cheguem ao segundo turno. Já o documento em prol da candidata do PSB apela para que os eleitores não façam "supostos cálculos de conveniência", em uma referência à possibilidade de optarem pelo voto útil.
O manifesto pró-Boulos admite que alguns dos signatários do documento provavelmente não escolheriam ele na primeira etapa da votação, mas o farão para "evitar o desfecho trágico de um segundo turno entre dois bolsonaristas". Mais de 160 intelectuais e artistas aderiram à iniciativa.
Nomes
A lista inclui o jornalista e professor Eugênio Bucci; o jornalista Juca Kfouri; a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz; o neurocientista Sidarta Ribeiro; a escritora e filósofa Marilena Chauí; o cientista político e professor André Singer; Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog; o escritor e dramaturgo Marcelo Rubens Paiva; o ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro; o ex-jogador Raí e o apresentador Zeca Camargo.
A carta de apoio a Tabata, por sua vez, é assinada por 31 nomes, e inclui o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Jr.; o ex-ministro da Casa Civil Clovis Carvalho; o ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero; o ex-chefe da Casa Civil da Prefeitura Orlando Faria; o ex-CEO do Itaú Candido Bracher; a jurista Flávia Piovesan; o ex-embaixador na Austrália Fernando de Mello Barreto; o presidente da Academia Paulista de Educação, Hubert Alqueres, entre outros.
O documento em favor de Tabata pede que o eleitor vote "com a mesma coragem" da candidata do PSB e diz que "cada voto é um ato de força e amor em direção a uma cidade inclusiva e justa". O movimento minimiza o desempenho de Tabata nas pesquisas de intenção de voto e destaca que ela é a única que venceria tanto de Marçal quanto de Nunes numa eventual segunda etapa do pleito. "Votar nela é optar por mais igualdade e mais oportunidades para todas as pessoas", afirma o manifesto.
Para que essas hipóteses de segundo turno se concretizem, contudo, a candidata do PSB precisa, em um curto período, reverter diferença expressiva que tem registrado em relação aos adversários.
Voto útil
Candidata a vice de Boulos na disputa, Marta Suplicy (PT) curtiu ontem uma publicação de Tabata em que a deputada critica o voto útil no adversário. O post de Tabata foi "descurtido" pela ex-prefeita depois. A reportagem procurou a assessoria de Marta, mas não houve resposta.
Na publicação feita na rede social Instagram e curtida por Marta, Tabata apresenta cenários de um possível segundo turno entre Boulos e Nunes e entre Boulos e Marçal. O post da deputada destaca que Boulos seria derrotado, enquanto a deputada venceria ambos.
No entanto, a candidata do PSB mistura dados de diferentes pesquisas na publicação. Na primeira imagem, que mostra um cenário desfavorável a Boulos, a fonte é a pesquisa AtlasIntel; já na segunda, com um cenário favorável a Tabata, a fonte é a pesquisa Futura.
Durante a pré-campanha eleitoral, Tabata chegou a afirmar que Marta era sua eleitora, o que foi interpretado como uma provocação ao candidato do PSOL à Prefeitura. "Ela votou em mim para deputado federal na última eleição, e eu tenho um carinho muito grande por ela", declarou a deputada do PSB na ocasião.