Central de Distribuição e Logística de Peças de Campinas é a maior da Mercedes-Benz fora da AlemanhaDivulgação
"Trabalhadores que sofreram lesões como consequência de seu trabalho eram isolados dentro da fábrica em Campinas e expostos a situações vexatórias e humilhantes. Também houve (...) discriminação racial", segundo um comunicado do TRT.
A justiça condenou a fabricante por danos morais coletivos, mas ainda cabe recurso da decisão. Documentos do processo relatam como, entre 2004 e 2019, vários trabalhadores da fábrica da Mercedes-Benz em Campinas foram maltratados e discriminados depois de contraírem "doenças ocupacionais".
Após seu retorno à fábrica, os empregados foram "vítimas de isolamento, até mesmo físico, privados de oportunidades de ascensão profissional, de acréscimos remuneratórios, de promoções, ficando alocados num 'Grupo de Divergentes'".
Alguns chegaram a ser vítimas de insultos racistas, como "macaco", relata o comunicado do TRT. "Aceitar as práticas (...) como 'fatos isolados', como defende a empresa, representaria grave retrocesso social", afirmou o relator do caso, desembarcador Luís Henrique Rafael.
A Mercedes-Benz não respondeu imediatamente a uma consulta da AFP sobre a sentença.
Em um dos depoimentos citados no processo, um trabalhador que não conseguia carregar peças de mais de cinco quilos devido a uma doença relatou ter sido chamado de "macaco filho da puta" por um colaborador de seu chefe.
A vítima apresentou queixa ao seu supervisor, mas acabou punido com três dias de suspensão.
Um outro autor da ação, representado pelo Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Campinas, afirmou que, após ser reintegrado à fábrica, lhe foram atribuídas tarefas como servir café e lavar o carro de um gerente, que, em uma ocasião, zombou dele por sua pele negra.
Algumas dessas condutas continuaram ocorrendo até mesmo durante a investigação judicial, segundo os documentos do caso. Se os maus-tratos persistirem, a empresa terá que pagar multas diárias de até 100.000 reais por cada trabalhador afetado.
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