Geraldo Alckmin foi entrevistado pelo 'Roda Viva', exibido nesta segunda-feira (14)Reprodução / Vídeo

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), explicou os motivos para compor a chapa de Lula, mesmo após ataques e acusações contra o mandatário em eleições anteriores. Durante entrevista ao programa "Roda Viva" desta segunda-feira (14) na TV Cultura, ele afirmou que aceitou o convite para "salvar a democracia" e que na política, não se deve guardar ressentimentos pessoais.
"Duas questões são importantes. Primeiro, no presidencialismo, eleição presidencial, é canelada, porque é um embate de personalidades. Diferente do parlamentarismo. No parlamentarismo, são partidos que elegem maioria e o líder vira primeiro-ministro", disse.
"Agora, você teve um fato no Brasil que todo mundo também se viu envolvido, que foi a questão da Lava-Jato. Depois, nós fomos verificar que havia mancomunado juiz com promotor, que o juiz tinha pretensão política e que aquilo virou uma verdadeira farsa. E Ruy Barbosa dizia: 'a injustiça contra um cidadão é uma ameaça a toda a sociedade'. Esse é um fato", argumentou.
Lula e Alckmin foram adversários diretos nas eleições presidenciais de 2006, quando ambos chegaram ao segundo turno. Neste ano, o então candidato do PSDB afirmou que diferente do petista, "não convive com o crime" e também o acusou de ser "chefe de quadrilha" devido ao escândalo do Mensalão, que foi um esquema de compra de votos na Câmara dos Deputados revelado em 2005.
O atual vice-presidente também mencionou uma analogia do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães [1916-1992], que foi um dos principais opositores à ditadura militar brasileira, para dar razão ao seu novo posicionamento.
"O doutor Ulysses Guimarães dizia que a gente não deve fazer política com o fígado guardando ressentimentos na geladeira. A pátria não é capanga de idiossincrasias pessoais. Também não se deve fazer política com o útero em benefício de filho, irmão, parente. O bom político é mau parente", explicou.
"São momentos que exigem uma postura, uma união de esforços, para você salvar a democracia. Eu fui convidado, e me senti honrado por esse convite e ajudar o Brasil a segurar a democracia", concluiu.
Relação com Lula
Durante a entrevista, Alckmin disse que sua relação com o presidente é boa e que ficou surpreso em ser convidado para chefiar um ministério. "É uma relação muito boa. Eu fiquei muito feliz, não imaginava ser ministro de nenhuma pasta, mas acabei recebendo o convite, e é uma tarefa positiva. Eu e o Lula temos uma relação afetiva, mais forte do que a nossa só dele com a Janja. É uma relação descontraída e interessante", afirmou.
"Nós não precisamos pensar igual. Claro, quem tem que estar na ribalta é o presidente, ele é o presidente, eu sou um colaborador. Eu diria que o presidente Lula está indo bem, o governo está indo bem, está indo bem na educação, na saúde, na infraestrutura e na democracia", completou.