Vice-presidente Geraldo Alckmin entregará a nova meta brasileira na COP29, em Baku, AzerbaijãoRicardo Stuckert/Secom-PR
A meta de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEEs) representa uma redução de 39% a 50% em relação às emissões líquidas de 2019 (1.712 MtCO2e). Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e o primeiro Balanço Global do Acordo de Paris, a recomendação é de um corte que alcance 60% até 2035 em relação a 2019.
À reportagem, o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco, afirmou que, ainda que a NDC do Brasil esteja à altura do desafio, é preciso um esforço conjunto. "Nossa nova meta para 2035 é bem mais ambiciosa do que a meta de 2030 e nos coloca no rumo da neutralidade em 2050", disse. De acordo com Capobianco, o governo prepara planos setoriais de mitigação para todas as áreas da economia.
Se por um lado o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpre a promessa de anunciar muito antes do prazo - fevereiro de 2025 - a sua nova meta, por outro, apresenta uma indicação de redução de gases de efeito estufa incapaz de cumprir o objetivo de limitar em 1,5º Celsius a elevação da temperatura global, segundo o Instituto Talanoa.
O Brasil foi o segundo país a divulgar sua nova ambição. Nesta semana, os Emirados Árabes Unidos fizeram o mesmo. Os dois países compõem com o Azerbaijão a Troika, grupo formado pelas presidências das COPs 28, em Dubai e 29, que começa segunda-feira, em Baku, e a 30, que será realizada em Belém no ano que vem.
"O Brasil assume a dianteira ao anunciar metas de mitigação para 2035, reafirmando seu compromisso e apresentando resultados concretos rumo ao fim do desmatamento nesta década. No entanto, a meta em faixa e o silêncio do governo brasileiro sobre a transição para longe dos combustíveis fósseis sugerem fragilidades", disse em nota, Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa.
Unterstell, do Talanoa, e Prado, do WWFBrasil, afirmam ter como expectativa de que o governo brasileiro apresente durante a 29.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP29), entre 11 de novembro e 22 de novembro, mais detalhes da NDC, como o "caminho de como o País chegará lá". "Esperamos uma surpresa positiva no documento que será submetido à UNFCCC pela futura Presidência da COP 30", afirmou Unterstell.
"Espero que semana que vem, durante a COP-29, o governo brasileiro retome a postura de liderança climática que caracteriza sua trajetória nas negociações da UNFCCC, que são atualmente o maior processo multilateral do mundo e que lidam com o maior desafio existencial da humanidade neste século", disse Prado.
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