Família comemorando os 5 anos da BrendaDivulgação

Micaelly Gomes, de 26 anos, é mãe solo de três filhos e compartilha os desafios e as superações de sua jornada. Mãe aos 18 anos da primogênita, aos 20 do filho do meio e aos 26 do caçula, Micaelly assumiu a responsabilidade de criar seus filhos sozinha, enfrentando dificuldades, mas sempre com muito amor e dedicação.

Sua rotina é extremamente exigente. Micaelly trabalha em dois empregos para garantir o sustento da família. Ela começa o dia às 7h e, quando chega em casa por volta das 19h, as crianças já retornaram da escola. Das 19h até meia-noite, ela corre contra o tempo para preparar a comida, organizar a casa e cuidar dos filhos. Para ela, o maior desafio é o tempo: “24 horas não são suficientes para trabalhar, cuidar da casa e das crianças.”
Micaelly também sente a falta de compreensão da sociedade em relação ao papel das mães solo. Muitas vezes, ela encontra dificuldade para lidar com a falta de apoio familiar, algo comum entre as mães que enfrentam essa jornada sozinhas. “Já vi mães que não têm com quem deixar seus filhos para poder trabalhar”, lamenta.


Um dos momentos mais marcantes para Micaelly foi quando a diretora da escola de sua filha a chamou para conversar. A filha, que estava tendo dificuldades na escola, revelou que sentia que a mãe não tinha tempo para ela. Esse momento fez Micaelly refletir sobre sua ausência, mesmo quando seus esforços eram direcionados para garantir o melhor para sua família. “Eu estava tentando dar o meu melhor e, ao mesmo tempo, me sentia ausente”, diz.
O cansaço físico e mental é um problema constante. Em alguns dias, Micaelly se sente tão exausta que mal consegue levantar da cama, mas ela encontra forças para continuar. “Choro um pouco no chuveiro para aliviar e sigo em frente”, conta. A sobrecarga emocional é um desafio permanente, mas ela tenta se manter firme por seus filhos.

Apesar de todos os desafios, Micaelly não desiste de seus sonhos. Seu maior desejo é construir a casa própria, garantir uma boa educação para seus filhos e proporcionar uma vida confortável para eles. Ela acredita que uma das soluções para facilitar a vida das mães solo seria a adaptação do mercado de trabalho, com horários compatíveis com a rotina escolar dos filhos
Sobrecarga e esgotamento
A psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, fundadora do Instituto MaterOnline, explica que as mães solo enfrentam uma sobrecarga invisível que impacta profundamente sua saúde física e mental. “Essas mulheres tentam equilibrar o sustento e o cuidado dos filhos sozinhas, o que agrava o peso emocional. Elas se cobram constantemente por não conseguirem dar conta de tudo”, afirma. Segundo Rafaela, a falta de uma rede de apoio torna a situação ainda mais desafiadora, pois essas mães assumem sozinhas todas as responsabilidades da casa e dos filhos, o que pode levar ao esgotamento físico e psicológico.
Ela também alerta que, sem suporte, a sobrecarga dessas mulheres afeta diretamente seu bem-estar emocional. “Elas tentam fazer o melhor por seus filhos, mas acabam se sacrificando, muitas vezes se privando de momentos para si mesmas. Isso pode gerar um desgaste mental significativo”, explica. A psicóloga acrescenta que o impacto da falta de apoio se reflete não apenas na saúde mental das mães, mas também na qualidade de vida dos filhos. “Quando a mãe não está bem, isso reflete na dinâmica familiar”.

De acordo com a psicóloga, é fundamental que a sociedade entenda o peso da jornada dessas mães e o quanto a falta de políticas públicas e redes de apoio torna a situação ainda mais difícil. “A ausência de políticas de apoio torna essas mulheres ainda mais vulneráveis, o que impacta negativamente sua saúde mental e a dinâmica familiar”, conclui.
A Força do Amor e a Rotina de Uma Mãe Solo

Conciliar maternidade, carreira e vida pessoal nunca é fácil. Para Deivianne Jhasper, jornalista de 36 anos, esse desafio se apresentou logo no início da gravidez de sua primeira filha, aos 26 anos. Ela relembra que os primeiros meses foram marcados por uma intensa carga emocional. “Coloquei muitas expectativas no apoio do pai da minha filha, que infelizmente não tive já nas primeiras semanas de gravidez. Chorava muito e me sentia culpada por isso.”

Hoje, mãe de duas meninas, Gabriela de um ano e meio e Maria Júlia 9 aos, a mãe Deivianne divide a rotina entre o trabalho como jornalista e assessora de imprensa, os cuidados com as filhas e as responsabilidades da casa. A organização é fundamental para que tudo funcione, mas ela reconhece que nem sempre é possível fazer tudo. “Eu me programo logo no primeiro horário do dia para tentar cumprir todas as tarefas, mas aprendi que tudo bem se eu não der conta de tudo. Ainda assim, é estressante quando me preocupo muito em cumprir cada detalhe.”

O maior desafio para ela é manter o equilíbrio emocional enquanto busca ser a melhor mãe possível. “Tento ser equilibrada e paciente, mas nem sempre é fácil. A gente quer fazer tudo perfeito, mas aprendi que o importante é fazer o melhor que posso.”

Deivianne conta com uma rede de apoio que inclui a creche para a filha mais nova, uma babá ocasional, e os pais, que ajudam cuidando da filha mais velha durante os finais de semana. “Minha filha mais velha tem praticamente dois lares: o meu e o dos meus pais. Ela gosta de passar os finais de semana com eles, e isso também me dá um tempo para respirar.”

Encontrar momentos para si mesma é essencial. “Procuro descansar e ter um momento só para mim pelo menos uma vez por semana. É importante para manter a mente e o corpo saudáveis.”

Apesar de ser uma mulher independente e confiante, ela já sentiu o peso do preconceito em algumas situações. “Hoje isso não me afeta mais, mas já passei por momentos em que senti o julgamento das pessoas. Aprendi a não dar muita moral para essas opiniões.”

O que mais a marca na maternidade, no entanto, é o amor incondicional pelas filhas. “Os momentos que tenho com elas e a força que esse amor nos dá são indescritíveis. É muito forte o que a gente é capaz de fazer por um filho ou uma filha.”

Deivianne reconhece que muitas mães não têm a mesma sorte de contar com uma rede de apoio e destaca a importância desse acolhimento. “Falta muito apoio psicológico, especialmente para as mães de primeira viagem. Eu mesma senti isso na pele. Aprendi na prática o que é ser forte.”

Com um olhar para o futuro, ela sonha com a construção de um lar próspero e cheio de vida. “Meu maior sonho é ver minhas filhas brincando, sorrindo, felizes. O resto a gente corre atrás. Também quero viajar e passear com elas, criar momentos que fortaleçam nossa conexão e me ajudem a entender os sonhos delas para o futuro. Meu objetivo é proporcionar o melhor para elas e, ao mesmo tempo, encontrar o meu bem-estar nesse processo.”