A jornalista Vanessa Ricarte, 42 anos, foi assassinada pelo ex-noivo a facadas, na noite desta quarta-feira (12), em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Vanessa denunciou Caio Nascimento, de 35 anos, e conseguiu uma medida protetiva horas antes do crime. Ela foi atingida três vezes no tórax e socorrida para a Santa de Casa de Campo Grande, mas não resistiu aos ferimentos.
Segundo o hospital, a jornalista deu entrada às 17h50 de ontem na unidade de saúde e a morte foi registrada às 23h08. Caio foi preso em flagrante pela Polícia Militar, sendo encaminhado para a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Ele deve passar por audiência de custódia nesta sexta-feira (14).
De acordo com o Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, o assassino possui histórico de violência doméstica. Ele respondeu quatro ações, sendo três de medidas protetivas de urgência e uma por roubo.
Há dez semanas, Vanessa Ricarte postou várias fotos em seu perfil no Instagram para homenagear Caio Nascimento. Na postagem, ela escreveu: "Eu acho, meu amor. E só se pode achar. Que a luz dos olhos meus precisa se casar".
Já a nove semanas atrás, Caio publicou uma foto ao lado da vítima e escreveu que eles decidiram caminhar juntos por "um amor que não se mede, que não cabe nas palavras nem se limita aos dias. É um amor que é verdade em cada gesto, em cada olhar cúmplice, construído com cuidado e firmado em alicerces sólidos".
Nas redes sociais, o feminicídio gerou repercussão e comoção pelos usuários. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) lamentou a morte de Vanessa, dizendo que "seu caso indigna não só pela brutalidade, mas por expor falhas que não deveriam existir no sistema de combate à violência contra mulher".
"Em nome de todos que lutam pela igualdade de gênero e pelo combate à violência contra a mulher, expressamos nossas mais sinceras condolências à família, amigos e colegas de trabalho de Vanessa neste momento de dor. A violência que tirou a vida de uma mulher tão extraordinária é um lembrete cruel de que a luta por um mundo mais justo e seguro para todas as mulheres deve continuar com ainda mais força", destacou a entidade.
Vanessa trabalhava no Ministério Público do Trabalho, atuando na divulgação de pautas sociais e trabalhistas. O MPT-MS anunciou luto oficial e reafirmou seu compromisso com a proteção das vítimas de violência doméstica.
"Vanessa foi brutalmente assassinada pelo então companheiro, em um trágico episódio que evidencia a urgência de combater a violência doméstica e proteger as mulheres em situação de vulnerabilidade."
A senadora Teresa Cristina escreveu nas redes que essa realidade não pode ser normalizada: "Precisamos de justiça. Vanessa merece ser lembrada por sua trajetória profissional, e não pela crueldade que interrompeu sua vida".
A jornalista foi velada na Câmara Municipal em cerimônia aberta ao público na tarde desta quinta-feira, 13. Depois, o corpo foi encaminhado para Três Lagoas, cidade natal da vítima, onde será sepultada.
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