Sessão solene em homenagem a redemocratizaçãoLula Marques / Agência Brasil
O ex-presidente Jose Sarney (MDB) foi o homenageado no evento por ter sido o primeiro presidente do Brasil após o fim da ditadura civil-militar, que prevaleceu entre 1964 e 1985.
Considerado o “fiador” da redemocratização pelos que discursaram na sessão, o ex-presidente Sarney criticou os atos que culminaram no 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, e pediram golpe militar no Brasil.
“Hoje, o Senado é uma instituição forte, apesar de ter sido vítima daquele vandalismo condenável do dia 8 de janeiro”, disse.
A sessão também contou com homenagem a Tancredo Neves, primeiro presidente eleito da redemocratização, que faleceu pouco antes de assumir o cargo.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), - que afirmou que o atual projeto de anistia aos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023 não é de interesse da sociedade - destacou que o evento no Plenário do Senado firma o compromisso da Casa com a democracia.
“A democracia não se sustenta sem diálogo, sem respeito às instituições e sem o compromisso diário com a pluralidade e a harmonia entre os Poderes. Que esta sessão sirva não apenas para relembrar o passado, mas para reafirmarmos nosso compromisso com o futuro do Brasil, com o fortalecimento da democracia”, afirmou o presidente do Senado.
O ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) destacou que o “monstro” do autoritarismo segue vivo no Brasil.
"A luta pela democracia é uma luta constante, diária - o monstro não está exterminado daqueles que pensam que outro regime pode ser instalado no Brasil e em outros países do mundo”, disse Pacheco.
O líder do MDB na Casa, senador Eduardo Braga (MDB-AM), por sua vez, ressaltou que a sessão em homenagem à redemocratização contou com a assinatura de oito partidos da Casa, o que mostra o apoio das legendas “à política da construção de pontes, e não de muros de silêncio, de discórdia e de enfrentamentos, que apenas servem para dividir e enfraquecer”.
Anistia na Câmara
Pressionado para pautar o projeto de lei da anistia, Motta chegou a afirmar, logo após assumir a presidência da Câmara, que não houve tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro. A declaração de Motta foi anterior à apresentação, pela Procuradoria-Geral da República (PGR), da denúncia contra 33 pessoas mais o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe.
Trama golpista
A tentativa de golpe contou com participação de ministros militares, como o general Augusto Heleno, e o da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, além dos comandantes das Forças Armadas, como o comandante da Marinha, almirante Almier Garnier.
A denúncia sustenta que grupos em torno da presidência da República defendiam a decretação de um estado de sítio para suspender o resultado eleitoral do dia 30 de outubro de 2022, o que provocaria uma ruptura institucional e democrática, ainda segundo a PGR.
Os envolvidos negam as acusações. O STF marcou para esta semana a análise de pedidos da defesa do ex-presidente Bolsonaro.
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