O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (9), o pedido de cassação do mandato do deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ). A decisão, tomada durante uma sessão de mais de seis horas, foi aprovada por 13 votos a cinco. O processo agora segue para o plenário da Casa, onde serão necessários 257 votos favoráveis para confirmar a cassação.
Em abril do ano passado, o parlamentar foi acusado pelo partido Novo de ter retirado à força, com empurrões e chutes, o militante do Movimento Brasil Livre (MBL), Gabriel Costenaro, das dependências da Câmara. O episódio foi registrado em vídeo.
Durante a reunião do Conselho, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) discursou, questionando qual seria o critério do conselho, usando o termo "pistoleira" para Carla Zambelli (PL), que ainda permanece como parlamentar, mesmo com a maioria do Supremo Tribunal Federal (STF) formada a favor de sua prisão.
"O Glauber foi defender a sua honra e a de sua mãe. É difícil explicar. Acho que nenhum malabarismo retórico será capaz de responder a essas perguntas para a sociedade brasileira", afirmou.
Após o avanço do relatório de cassação, Braga anunciou uma greve de fome. "Hoje tomo a decisão de permanecer aqui nesta sala, no Congresso Nacional. A partir de agora, até o fechamento deste processo, não vou me alimentar", disse o parlamentar durante o Conselho de Ética na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (9). "Não vou ser derrotado pelo Arthur Lira (PP-AL) e pelo orçamento secreto", afirmou.
O deputado Ivan Valente (Psol-SP) disse que o relatório é uma mancha para a democracia brasileira. "O texto vai ficar com o carimbo da perseguição política." Para ele, não poderiam punir Braga: "Na verdade, o que está sendo punido aqui é a combatividade... é a criminalização das denúncias do orçamento das emendas secretas e da esquerda brasileira". Ao finalizar, parlamentar declarou que o MBL é um "bando de fascista" e pediu para que o relatório fosse retirado.
"Tomei a decisão de que não serei derrotado por Arthur Lira (PP-AL), pelo orçamento secreto, pelo sócio minoritário dessa história que foi o MBL", disse Braga. Quem quiser chamar de greve de fome, que chame", afirmou Braga durante a sessão.
"Achei digna a posição do Glauber de fazer greve de fome. Está dando exemplo do que é o comunismo. Parabéns", disse o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).
Entenda o caso
O deputado Glauber Braga foi acusado pelo partido Novo de ter retirado à força, com empurrões e chutes, o militante do Movimento Brasil Livre (MBL), Gabriel Costenaro, das dependências da Câmara, em abril do ano passado.
Costenaro participava de um protesto em apoio a motoristas de aplicativo, durante a discussão do projeto de lei que regulamenta essa atividade (PL 12/24).
Em sua defesa, Glauber Braga alegou que sua atitude foi uma reação a provocações do membro do MBL, que, segundo ele, já tem um histórico de confrontos semelhantes.
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