Esse foi o primeiro estudo no mundo a estimar a biomassa e carbono das plantas lenhosas de inselbergsDayvid R. Couto/Divulgação
A pesquisa foi realizada com 300 elementos dessas 26 espécies, entre árvores, arbustos e palmeiras, entre elas duas espécies endêmicas de inselbergs deste bioma: Pseudobombax petropolitanum (paineira-das-pedras) e a Wunderlichia azulensis (árvore da família dos girassóis), ambas ameaçadas de extinção.
Entre as constatações do estudo está a capacidade de armazenamento de carbono, que se relaciona com a expectativa de vida da planta e sua taxa de crescimento anual, afinal os vegetais absorvem dióxido de carbono da atmosfera para se alimentar. Com o CO2, as plantas podem produzir energia para elas e, principalmente, ganhar biomassa (ou seja, crescer).
Longevidade
“Sem essas respostas, é difícil fazer estimativas do potencial de sequestro de carbono. Essas questões serão monitoradas e avaliadas em estudos futuros que a equipe pretende desenvolver a depender de financiamento. Isso permitirá obter dados robustos sobre o potencial de carbono fixado anualmente por essa vegetação, por exemplo”, avalia.
Carbono
Mas, em um contexto de mudanças climáticas, o potencial de sequestro de carbono não é a única contribuição que o conhecimento dessa vegetação pode trazer ao ambiente. Por terem serem afloramentos rochosos, os inselbergs acumulam pouco solo e, consequentemente, poucos nutrientes e água, além de estarem sujeitos à alta exposição solar.
“As espécies que vivem nos inselbergs possuem adaptações importantes que lhes conferem maior resistência a condições extremas, como solos rasos, alta exposição solar e escassez de água e nutrientes. Algumas dessas adaptações incluem raízes tuberosas, que armazenam água, e folhas caducifólias, que caem durante os períodos mais secos para reduzir a perda hídrica”, explica o estudioso.
Restauração florestal
“Muitas das espécies lenhosas inventariadas são bem adaptadas a essas condições desafiadoras. Por isso, elas se mostram promissoras para uso em projetos de restauração de áreas degradadas pela mineração de rochas ornamentais”, explica Dayvid Couto.
Acrescenta que “a indústria de rochas ornamentais é uma das atividades econômicas mais relevantes no Espírito Santo. No entanto, os impactos profundos que essa atividade causa na biodiversidade dos inselbergs têm sido amplamente negligenciados”.
Segundo ele, “esses ecossistemas abrigam um número expressivo de espécies vegetais, muitas delas endêmicas e ameaçadas de extinção.
Desafio para a ciência
O levantamento identificou que 17 das 26 espécies que não constavam em um inventário da flora de inselbergs da Região Sudeste do Brasil, realizado recentemente, o que mostra que ainda há muito a se conhecer em relação à diversidade vegetal desses ambientes.
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