No Brasil, a estimativa é de que 1,2 milhão de pessoas vivam com demência, sendo a maioria dos casos de AlzheimerGabriel Ferreira/SBGG-RJ
Sociedade de Geriatria alerta para sinais da doença de Alzheimer
Diagnóstico precoce, avaliação de especialista e novo tratamento ajudam a retardar o avanço dos sintomas, como a perda de memória
Um dos tipos mais comuns de demência, a doença de Alzheimer afeta milhares de pessoas e tem tido incidência crescente, principalmente nos países do terceiro mundo, que ainda enfrentam a transição demográfica com o envelhecimento populacional. Neste domingo, 21, Dia Mundial do Alzheimer, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Rio de Janeiro (SBGG-RJ) chama a atenção da população a conhecer e identificar os principais sinais da doença para melhorar o diagnóstico precoce.
No Brasil, a estimativa é de que 1,2 milhão de pessoas vivam com demência, sendo a maioria dos casos de Alzheimer, segundo o Ministério da Saúde. Como a doença afeta principalmente as pessoas mais idosas, a idade é o principal fator de risco, além das condições de saúde, como hipertensão, diabetes, sedentarismo e estilo de vida, entre outros.
“Quanto mais envelhecemos, mais risco nós temos de desenvolver essa doença. É muito importante que o geriatra esteja envolvido no diagnóstico e na orientação correta para poder diferenciar o que é um esquecimento normal do esquecimento patológico, que pode ser um indício da doença. Além disso, um cuidado geral da saúde e medidas de prevenção são muito importantes para não só evitar, como retardar a progressão da doença”, explica o médico Ivan Abdalla Teixeira, presidente da SBGG-RJ.
Outras alterações orgânicas também podem simular sintomas de Alzheimer, como doenças de tireoide, deficiência de vitaminas e infecções, causando alteração da memória. Por isso, é importante que as pessoas tenham atenção aos primeiros sinais da doença e passem por avaliação médica para não receber um diagnóstico tardio.
“O diagnóstico precoce ajuda na orientação e na intervenção, não só com medicamentos, mas também com medidas não farmacológicas e de orientação à família em como lidar. Então sintomas como o esquecimento recente de fatos do dia a dia, de compromissos, de pagamentos de contas, de senhas, dificuldade para realizar as tarefas que antes a pessoa realizava, mudanças comportamentais, tudo isso pode ser sinal do início da doença”, alerta Abdalla.
De acordo com o geriatra, o tratamento passa não só por medicamentos que ajudam na memória e no comportamento, como no sono, mas principalmente em orientação para o indivíduo e para a família, entre outras medidas que vão ajudar a adaptar melhor o dia a dia e retardar também o avanço da doença.
Um novo tratamento, chamado Kisunla (nome comercial do anticorpo monoclonal donanemabe), da farmacêutica Eli Lilly, foi aprovado pela Anvisa em abril e age diretamente na proteína causadora do Alzheimer, a beta-amiloide.
“Apesar de ainda ter pouco tempo de lançamento dessa medicação, a gente já viu que ela tem um grande benefício para as pessoas com demência inicial. O medicamento não é apropriado para pessoas com demência moderada avançada, mas principalmente para aquele indivíduo que ainda tem uma funcionalidade boa no dia a dia e que o esquecimento é leve. É possível retardar o avanço da doença em cerca de 37% com a medicação”, afirmou o geriatra.
Ele ressaltou, ainda, que a adoção desse tratamento precisa ser muito bem avaliada pelo médico, porque há contraindicações, riscos e o custo é alto, sendo pouco acessível para a população em geral. Apesar disso, o medicamento já representa uma grande inovação e nova esperança no tratamento da doença.
Cuidados com a pessoa com demência
A rede de cuidados à pessoa com demência exige uma abordagem de equipe multidisciplinar e interdisciplinar, envolvendo vários profissionais que trabalham com o idoso, como o geriatra, especialista em gerontologia, nutricionista, fisioterapeuta, assistente social, enfermeiro e dentista.
“O especialista em gerontologia é um diferencial no diagnóstico precoce e no cuidado com a pessoa com doença de Alzheimer. É uma doença com expectativa significativa do aumento do número de casos no mundo e o Brasil será extremamente afetado. É importante ter cada vez mais profissionais especializados que possam ajudar no diagnóstico precoce e também no tratamento da pessoa com doença de Alzheimer”, disse a presidente do Departamento de Gerontologia da SBGG-RJ, Beatrice Carvalho.
O especialista em gerontologia também ajuda na orientação aos acompanhantes e familiares das pessoas, tanto para saber como lidar no trato do dia a dia, desde o cuidador até o familiar. Também ajuda na prevenção do burnout e da sobrecarga, que são problemas frequentes nas pessoas que têm demência e precisam de apoio.
O cuidado da pessoa com demência não é só focado somente no tratamento da demência em si, mas em tudo que pode melhorar a qualidade de vida da pessoa.

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