SP: Polícia diz que metanol foi adicionado, e não gerado em destilação Divulgação/UFPR

O Instituto de Criminalística de São Paulo (IC/SP) concluiu que as bebidas destiladas apreendidas em operações de fiscalização na capital foram deliberadamente adulteradas com metanol. Exames laboratoriais revelaram que o líquido presente nas garrafas era composto quase integralmente por metanol, o que elimina as hipóteses de contaminação acidental durante a destilação ou de lavagem dos recipientes com a substância.
De acordo com o órgão, a concentração encontrada nas amostras é incompatível com processos naturais de produção, indicando que o metanol foi adicionado intencionalmente. A quantidade de garrafas analisadas e os tipos de bebida não foram divulgados. “As concentrações eram muito altas, praticamente só metanol — quase não havia etanol”, explicou o perito responsável pela análise,  Alexandre Learth Soares, acrescentando que o cenário “descarta tanto uma destilação malfeita quanto a hipótese de lavagem com metanol”.
As análises vêm sendo conduzidas por uma força-tarefa montada na última sexta-feira (3), que atua em regime de plantão 24 horas. O trabalho envolve diferentes etapas: verificação de rótulos, tampas e selos para identificar sinais de adulteração, seguida de testes químicos detalhados. Entre os métodos utilizados estão a análise cromatográfica, que permite confirmar e quantificar a presença de metanol nas amostras.
Presente em solventes e produtos químicos, o  metanol é um álcool de uso industrial, altamente tóxico quando ingerido. No organismo, ele se transforma em substâncias que afetam fígado, medula, cérebro e nervo óptico, podendo causar cegueira, falência de órgãos e morte.
O Instituto ressaltou que o objetivo do trabalho é garantir rigor técnico e precisão científica para sustentar as investigações e eventuais processos judiciais. “Estamos atuando com o máximo de cuidado para produzir provas confiáveis que orientem as apurações e sirvam de base para a Justiça”, destacou o perito.
Desde o início das operações, em 29 de setembro, mais de 16 mil garrafas foram apreendidas em São Paulo durante as ações de fiscalização.