O endocrinologista Marcio Krakauer colocou o sensor no ator Babu SantanaDivulgação

Elas têm apenas 24 anos, são lindas, trabalham como influenciadoras e convivem com a diabetes e suas complicações. Uma desde os 8 anos de idade e a outra descobriu a doença aos 19. O bate papo com Helena Paradela e Larissa Faleiro de Moraes aconteceu no Espaço Janela, em São Paulo, na quinta-feira (23), durante o lançamento do sistema de monitoramento de glicose – CGM, o Accu Check SmartGuide, que antecipa as quedas ou altas de açúcar no sangue, com alertas em tempo real e ajudam o paciente antes de possíveis crises, inclusive á noite. Trata-se de um sensor com o uso de inteligência artificial que fica acoplado ao braço durante 14 dias e a pessoa leva a vida normal.O evento foi apresentado pela jornalista Adriana Bittar e participaram o endocrinologista Marcio Krakauer, diretor regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), e a gerente de marketing do Laboratório Roche no Brasil, Vanessa Brito. O médico falou sobre a diabetes e a importância do produto no mercado e Vanessa de como a inteligência artificial foi usada na confecção do CGM. Ele explicou que a predição se baseia em dados, e não em suposições, permitindo uma abordagem mais preventiva. "Os sensores são os olhos do diabetes, é como conseguimos enxergar o que está acontecendo no corpo e, com esses novos, o que ainda vai acontecer. As pessoas melhoram o seu controle, reduzem os casos de hipoglicemia e melhoram a qualidade de vida", diz o médico.

Veja como o equipamento funciona

Gerente de marketing da Roche no Brasil há 16 anos, Vanessa Brito explica como funciona o CGM. "É um sensor de glicose que funciona por 14 dias e tem comunicação Bluetooth. A gente vai trabalhar a princípio para pacientes acima de 18 anos. Ele se comunica com o Smart Guide App que recebe as informações do sensor via Bluetooth. Vai receber todas as informações do sensor de glicose e todas as informações como variabilidade glicêmica como setas de tendência e alarmes. Só que o grande diferencial da tecnologia é o aplicativo de previsão. São dois aplicativos que quando você passa a interagir eles se comunicam entre eles".
De acordo com Vanessa, a usabilidade é muito tranquila. "Quando o paciente coloca, já recebe os dados do sensor, o aplicativo de predição. Ele recebe as informações e consegue trazer a predição de hipoglicemia, dando uma notificação 30 minutos antes de ela acontecer". Outra função importante é que traz a predição de duas horas de glicose, principalmente no que tange à hipoglicemia noturna, o pavor de muitas pessoas com diabetes.

Depoimentos de quem convive com a doença

Após a explanação dos dois, houve um debate do qual participaram o médico, a psicóloga Priscila Pecoli, os atores Babu Santana, de 45 anos, Drico Alves, de 22, e a influenciadora Duda Dantas, de 26, esses três com diabetes. O ator Babu Santana descobriu a doença há cinco anos, pouco depois de sair do reality show.  "Foi um Big Brother que chamou muita atenção. Então eu peguei muitas marcas, muito tudo. E eram 10 produtos por dia. A gente parava para comer uma pizza e tomar refrigerante. Comecei a perceber que acordava muito para urinar. E com a boca muito seca. Eu tomava três litros de água e a minha sede não passava. Pensei que fosse Covid, mas não era. Sentia cansaço, cãibra. Quando eu falei cãibra, ele ficou preocupado, que já era sinal da situação. Acabou que fiquei internado e descobri a doença". 
O ator teve o sensor colocado em seu corpo pelo médico Marcio Krakauer durante o evento e aprovou. "Faço peça, sou diretor do Nós do Morro, e estamos preparando o filme O Verão da Lata. Aí você vai para lá, vai pra cá, e, em qual o momento que eu paro para furar meu dedo? Com o sensor você dá dois toques no celular. É uma evolução porque além de ter a medição você vai saber como se preparar para não ter a hipoglicemia. É sensacional", elogia 

Dificuldade de previsão
.
A influenciadora Helena Paradela conta como o produto irá melhorar sua vida. "Hoje em dia eu uso bomba de insulina e mesmo assim tenho, dificuldade de ter uma previsão de como a nossa glicose vai ficar, principalmente à noite. Eu acho que  a coisa mais emergencial que todo diabético passa é a hipoglicemia noturna porque às vezes a gente está dormindo e não sabe quando precisará de um açúcar, de um carboidrato para elevar a glicose. E ter um sensor que prevê como a nossa glicose vai ficar, prevê hipoglicemias, hiperglicemias. Se a nossa glicose vai estar estável ou não é muito importante. "Fiquei impressionada com toda a tecnologia que envolve o sensor e como isso pode melhorar a vida do diabético", diz ela, que descobriu a doença quando tinha apenas oito anos.

Muita responsabilidade para cuidar

A também influenciadora e nutricionista Larissa Faleiro de Moraes tem diabetes desde os 19 anos e diz que foi muito ruim quando soube do diagnóstico. "Foi muito difícil porque eu já tinha outras doenças autoimune. Então, a primeira que eu acabei descobrindo foi vitiligo. Depois, tireoidite de Hashimoto, doença celíaca e diabetes tipo 1. Então, quando eu descobri diabetes tipo 1, que foi a última, foi muito difícil porque era um contexto já autoimune muito grande para lidar com isso com 19 anos, é muita responsabilidade para cuidar. No início, eu me culpava muito achando que tinha sido algo que eu fiz. Por que comigo?".
A jovem então passou a se cuidar e fez nutrição. "Hoje eu sou nutricionista e atendo o público com diabetes tipo 1 e doenças celíacas. Acho que a gente pode passar por tudo isso de uma forma mais leve.  Estar aqui nesse evento com tantas pessoas com a mesma coisa que a gente faz muita diferença. Estou muito feliz de ver mais uma marca de sensor no Brasil. Acho que a gente está caminhando para cada vez ter tecnologias melhores. O  que eu mais gostei do sensor da Roche é que ele tem a predição da glicemia nas próximas duas horas. Então você já consegue ter uma noção se sua glicemia vai continuar subindo, se ela vai cair. Ela também tem uma predição de hipoglicemia noturna, que é um problema muito grande para quem tem diabetes".

Bailarina do Theatro Municipal trata diabetes no  Luiz Capliglione

Como só tem 17 anos, a bailarina Carolina Gomes da Silva, do Theatro Municipal, ainda não pode usar o sensor. Mas o seu equilíbrio, ao ficar na ponta dos pés para executar sua dança, é o mesmo que ela precisa na vida para controlar o diabetes tipo 1. Em tratamento no Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capliglione (IEDE), no Rio, ela buscou ajuda para reduzir a glicemia que já chegou a 236 mg/dL.
Dados do Sistema de Internações Hospitalares do SUS indicam que as internações por diabetes infantojuvenil, entre 10 e 19 anos, aumentaram na rede pública do estado. Em 2022, foram 239 hospitalizações e 292, em 2024.O que representa um aumento de 22% na comparação entre os dois períodos. O país ocupa o terceiro lugar em diabetes mellitus tipo 1 no mundo.
Carolina Gomes teve os sintomas clássicos do diabetes tipo 1: sede em excesso, muitas idas ao banheiro e perda de peso. O alerta para a doença veio em dezembro de 2023, com a realização de exames preventivos que indicaram taxa de glicemia superior a 230. Mesmo com plano de saúde, a estudante do ensino médio preferiu se consultar em uma unidade de referência do estado do Rio de Janeiro.
"Venho em busca de equilíbrio, de rede de apoio, de orientação e de cuidados para ter uma vida regular. Poderia escolher outra unidade, mas priorizei o IEDE. Há oito anos, integro a escola de balé do Theatro Municipal e tenho o sonho de ser a primeira bailarina. O diabetes não me atrapalha em nada, basta cuidar", explicou Carolina Gomes.

Panorama de diabetes no Brasil e no mundo com dados do IDF - Federação Internacional de Diabetes - 2023
- 537 milhões de adultos com diabetes no mundo
- 240 milhões de casos não diagnosticados
- 16,8 milhões de brasileiros com diabetes
- US$ 966 bilhões em gastos globais com diabetes


O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune crônica. Ela faz com que o sistema imunológico ataque e destrua as células do pâncreas que produzem insulina, resultando na incapacidade do corpo de produzir esse hormônio essencial. A reposição é feita com aplicação diária de insulina e o monitoramento regular da taxa de açúcar no sangue, com o propósito de controlar os sintomas e prevenir complicações, como problemas oculares, renais e cardiovasculares.

O diabetes tipo 2 é uma doença crônica que ocorre quando o corpo não usa a insulina adequadamente (resistência à insulina) ou não produz insulina suficiente. Isso causa níveis elevados de açúcar no sangue (hiperglicemia) e está associado a fatores como sobrepeso, sedentarismo e má alimentação. Os sintomas incluem sede excessiva, fome, aumento da micção, e o tratamento geralmente envolve mudanças no estilo de vida, medicamentos e acompanhamento médico.