Aristóteles DrummondAristóteles Drummond

Com mais de meio século de reportagem política, aqui, em O DIA, desde 1967, a coluna “Falando de política”, pude acompanhar todos os presidentes desde então. Jango, os militares, Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro. Sobre os vivos, acho oportuno comentar o perfil e contribuição, quando houve, de cada um deles. Observações que podem ajudar a entender a que chegamos e como.
O mais antigo, lúcido e atento à política nacional é José Sarney, cuja biografia é a mais completa entre os presidentes destes mais de cem anos de República. Foi parlamentar por mais de 40 anos, governou seu Estado e foi presidente em mandato de cinco anos. O maior como personalidade, homem cordial, tolerante, hábil, sem ambições e vaidades. O poder nunca lhe subiu à cabeça. Respeitado na classe política e intelectual brasileira, nunca esteve envolvido em malfeitos. Serve de exemplo, portanto.
Fernando Collor foi o modernizador da nossa economia. A ele devemos a abertura comercial que impulsionou, pela concorrência, nossa indústria. Colocou na pauta as privatizações.
Itamar, que assumiu em meio à crise, foi o mineiro certo na hora e no lugar certos, pacificou o Brasil, gerou o plano de estabilização da moeda e da economia, tendo uma equipe de qualidade, como Eliseu Resende. O mais austero de todos até por ter família pequena.
Mas foi com FHC, teoricamente o mais equipado, sociólogo, professor, escritor, ideólogo da esquerda democrática, que as coisas tomaram o rumo da incoerência, da mistificação e da farsa no exercício do cargo. Começou pela reeleição, usando e abusando de métodos que condenava. Fez tudo que condenava como senador, o que na prática foi positivo para o período. Melhorou, mas nunca deixou de ser pensador
marxista, dando força a políticos como José Serra. Além de outros próximos, que sumiram na poeira da história. No fundo, abriu as portas para Lula na sua sucessão. Em 89, já tinha subido no palanque do PT no segundo turno, como fez agora. . Não será lembrado como gostaria.
Depois tivemos os três mandatos e meio petistas, em que Lula soube se controlar e aproveitar os ventos mundiais, mas não conseguiu evitar o desastre de Dilma. Os escândalos todos conhecem.
Temer teve excelente desempenho e péssimas companhias. O ideal para o país teria sido uma reeleição naquele momento. Como é competente na postura, sobrevive bem no conceito nacional.
Bolsonaro foi um caso inédito. Fez bom governo, com alguns ministros de excelência, mas se mostrou um primário no comportamento, grosseiro, arrogante, polêmico, e passou os quatro anos construindo uma derrota improvável diante da boa administração e do prontuário do principal opositor. Mas despertou e estimulou sentimentos passionais contra ele e agora paga por isso.

Hoje, com o país vivendo apreensões e incertezas, podemos atribuir a cada um destes senhores erros e acertos. O maio erro, claro, é de Bolsonaro, que elegeu Lula, a volta do PT e de suas ideias ultrapassadas.
Olhando a história desde o pós-guerra, a conclusão é que fomos felizes com Vargas, JK e os militares.
*Aristóteles Drummond é jornalista